Segunda, 4 de junho de 2012
Responsáveis pelo combate ao crime organizado no Estado
pediram à Corregedoria do Ministério Público que apure se software foi
usado para quebra de sigilo de operações; procurador-geral nega
Alana Rizzo, de O Estado de S.Paulo
Promotores responsáveis pelo combate ao crime
organizado em Goiás entraram com uma representação na Corregedoria do
Ministério Público do Estado para investigar se um software "espião"
instalado em computadores do órgão foi utilizado para quebrar o sigilo
de operações. O programa foi detectado também em máquinas usadas por
promotores que apuram as atividades da Delta Construções em Goiás.
A representação, a que o Estado teve acesso, afirma
que os computadores do órgão eram monitorados por um programa que
"fotograva" a cada 30 segundos a tela. Também era possível acessar
qualquer máquina a partir da sede do Ministério Público, em Goiânia, que
está sob o comando do procurador-geral Benedito Torres, irmão do
senador Demóstenes Torres (ex-DEM, sem partido-GO).
A denúncia, encaminhada em 23 de maio passado, atesta que o programa é
capaz de monitorar, sem autorização, o trabalho de promotores,
assessores e servidores. O caso foi descoberto em Itumbiara, no interior
de Goiás, e outros promotores, especialmente aqueles que atuavam na
área de combate ao crime organizado, também identificaram recentemente o
programa oculto. Na capital, cinco computadores e um notebook da 57.ª
Promotoria de Justiça, que investiga casos envolvendo a empreiteira,
também tinham o software.