Sexta, 12 de julho de 2013
Por Ivan de Carvalho
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Manifestação em frente ao Congresso. Clique sobre a imagem para abri-la em tamanho maior. Foto de José Cruz / ABr.
Seis mil pessoas participaram de uma manifestação em frente ao Congresso Nacional, segundo os organizadores. A PM calculou duas mil e testemunhas independentes, 500. Na primeira hipótese, isto parece ter sido a jóia da coroa, em termos de público.
Seis mil pessoas participaram de uma manifestação em frente ao Congresso Nacional, segundo os organizadores. A PM calculou duas mil e testemunhas independentes, 500. Na primeira hipótese, isto parece ter sido a jóia da coroa, em termos de público.
Em Goiânia, cinco mil, de acordo
com os organizadores – que invariavelmente chutam a estimativa para cima – e a
informação da polícia militar de que não tinha estimativa alguma. É possível
que estivesse distraída e não haja percebido que uma manifestação de protesto
de apoio ocorrera no centro da capital de Goiás. Mas em Anápolis houve alguma
percepção: um grupo de funcionários e estudantes ocupou a reitoria da
universidade estadual.
Bem, talvez se pudesse continuar
citando – a exemplo das já mencionadas – pequenas manifestações de rua como as
ocorridas no Rio de Janeiro e em São Paulo, onde houve algum conflito com a
Polícia Militar. Mas com todo o aparato à disposição, a organização do protesto
de apoio nada conseguiu que ficasse a menos de alguns anos-luz das
manifestações populares de junho (que, já menos intensas invadiram julho,
espalhando-se pelo interior do país, atingindo uma multiplicidade de pequenas
cidades, onde talvez ninguém haja imaginado que poderiam chegar).
O que se deve reconhecer é que, em
algumas partes do país, como em Salvador, por exemplo, a paralisação de certos
serviços públicos – principais alvos da crítica das manifestações populares que
abalaram o país da segunda semana de junho para cá – levou a um clima de
semi-feriado. A explicação principal para isto é a paralisação dos rodoviários,
o que torna muitas vezes difícil e outras tantas, impossível, o funcionamento
de outras atividades.
Trata-se, aí, de uma espécie de
chantagem sobre a população, um comportamento autoritário exercido sobre a
sociedade, porque quando os rodoviários param, eles não param somente a eles
mesmos, mas obrigam outras pessoas, de outras categorias funcionais, a ficarem
paradas contra a própria vontade. Impedidas quanto ao exercício de suas
atividades, impedidas também de exercer plenamente o direito de ir e vir,
assegurado pela Constituição.
Um outro aspecto a destacar é o de
que, embora fazendo as coisas em conjunto, as centrais sindicais e o PT tiveram
divergências. Uma delas chegou a ser escandalosa. Durante protesto na zona sul
de São Paulo, o presidente da central Força Sindical, deputado pedetista Paulo
Pereira da Silva (o Paulinho da Força), disse que o mínimo que a presidente
Dilma Rousseff deve fazer agora é demitir o ministro da Fazenda, Guido Mantega.
“Não dá para ir para as ruas e não falar em inflação, negar a perda do poder de
compra dos trabalhadores”. Ameaçou com a convocação de uma greve geral: “Vamos
nos reunir nesta sexta (hoje) com as centrais e vamos chamar uma greve geral no
Brasil todo”, anunciou, aplaudido por manifestantes. Claro que a CUT não vai
topar.
Outra divergência: a Força
Sindical não quis saber de reivindicações sobre reforma política, Constituinte
exclusiva e restrita à reforma, plebiscito, essas coisas que o governo andou
propondo. O presidente da central disse que esses assuntos já estão encerrados
e enterrados. Mas a CUT, obediente à estratégia da presidente Dilma e do PT,
esforçava-se para parecer entusiasmada com o plebiscito, uma proposta que o
Congresso já considera inviabilizada. Quanto à Constituinte, a própria
presidente Dilma Rousseff, que tomou emprestada, parece que sem analisar, a
ideia lançada há uns tempos por Lula, já desistiu dela, por descobrir que seria
um golpe – que nem teria força para dar – contra a Constituição, coisa que
qualquer estudante de Direito sabe de cor e salteado.
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Este artigo foi publicado originariamente na Tribuna da
Bahia desta sexta.
Ivan de Carvalho é jornalista baiano.