Segunda, 14 de setembro de 2015
Da Tribuna da Internet
José Carlos Werneck
A evolução de nossa vida e a sucessão dos acontecimentos que têm
golpeado a sensibilidade nacional atingiram, de fato, um limite
insuperável. Chegou-se, efetivamente, às fronteiras e ao ápice do
inimaginável com os crimes que vêm abalando a Nação. Mas não me deterei
em referências conhecidas, não insistirei no protesto, na condenação e
na revolta contra as conhecidas pilantragens.
O que posso assegurar com absoluta certeza – o que, aliás, já é do
conhecimento das altas autoridades do Judiciário e da Polícia Federal – é
estar inteiramente provado, de acordo com documentos que estão vindo a
público,que o País foi dominado por uma quadrilha de ladrões.
Na verdade, se todos os que se opõem a essa bandalheira tivessem a
leviandade da Senhora Presidente da República, que os acusa de
mentirosos, não haveria o menor futuro para este país.
É PRECISO REFLETIR
Evidentemente, as mais graves ilações, as mais sérias conseqüências,
as mais terríveis suspeitas podem ser tiradas de todas estas denúncias
vindas a público. Fica a critério de cada cidadão e à consciência de
cada brasileiro a incumbência de ficar meditando sobre as terríveis
provações pelas quais a Nação passa, atualmente para a infelicidade de
seu povo e para vergonha do País.
Não caíamos, absolutamente, nós que nos opomos a esta pouca vergonha,
nessa armadilha infantil, nessa manobra ingênua que nos quer fazer de
idiotas, nesse primarismo que é a de tentar colocar o problema, como se
vem tentando, nos termos de polêmica entre oposição e governo, nos
termos de uma controvérsia de ponto e contraponto, numa espécie de
diálogo orquestrado entre o governo e população. Nós não nos prestamos a
essa manobra simplória.
CARA A CARA
Nós queremos dizer face a face, frente a frente, em alto e bom tom,
com a vista diretamente dirigida aos olhos do povo tudo aquilo que toda
gente pensa, inclusive muitos membros da base governista. Temos o
direito e principalmente o dever de dizer ao povo brasileiro que existe
no governo deste país uma malta de criminosos e que os negócios da nossa
República estão sendo conduzidos ou foram conduzidos até agora sob a
guarda de celerados e pretendentes às cadeias.
É o que temos a obrigação de dizer, é o que nós todos diremos sob
pena de grave omissão e de notória cumplicidade. Isso que denunciamos
não é palavra da oposição, isso que dizemos é o clamor popular, isso que
estamos falando não é desafio da ambição, isso que estamos propondo é o
dever da humanidade, é o cumprimento inflexível da nossa obrigação.
INTERESSES NACIONAIS
Por isto, senhora presidente, eu falo a Dilma Rousseff. Eu lhe falo,
como Presidente e, também, como mulher e lhe digo: lembre-se das
incumbências e das responsabilidades que lhes foram outorgadas por
mandato; lembre-se dos interesses nacionais que pesam, não sobre a sua
ação somente, mas, sobretudo, sobre a sua reputação. Eu lhe asseguro:
Presidente, houve um momento em que Vossa Excelência encarnou, de fato,
as esperanças do povo; houve um momento em que Vossa Excelência, de
fato, se irmanou com as aspirações populares.
Mas eu digo a Vossa Excelência: respeite o Brasil que repousa na sua
autoridade; preserve a sua autoridade, sob a qual repousa o Brasil.
Tenha a coragem de perceber que o seu governo é, hoje, um vazio imenso,
observe que o seu palácio se tornou um reduto de uma sociedade em
decomposição.
Erga os olhos para o seu destino e vislumbre as cores de nossa
bandeira, e olhe para o céu, a cruz de estrelas, que nos protege, e veja
se é possível restaurar a autoridade de um governo que se irmana com
criminosos, como e possível restabelecer a força de um Executivo caindo
nos últimos níveis de rejeição e desconfiança.
RESPONSABILIDADE
Senhora presidente Dilma Rousseff, eu lhe falo como chefe do governo.
Reflita sobre sua responsabilidade político-administrativa e tome,
afinal, aquela deliberação, que é a última que um presidente, na sua
situação, pode tomar. E eu falo à mulher. E eu faloàa mulher Dilma
Rousseff e lhe digo: lembre-se da glória de nossa Pátria, dos anseios de
nossa gente. Lembre-se, mulher, de que em suas veias corre o sangue de
um povo batalhador e não se acumplicie com os crimes dos covardes e dos
traidores!
E digo à mulher, que é mãe, avó que tem uma filha, uma neta e uma
mãe: pense nas famílias; lembre-se, se tem realmente o coração generoso,
de estar sendo vista e rotulada pelos brasileiros como um ser
indiferente ao sofrimento.
Presidente, é preciso levantar o coração de nossa gente, urge dar
esperança aos homens e mulheres deste país. Eleve seu coração. E em nome
do que há de mais puro e mais alto no coração deste povo tão generoso;
lembre-se, pelas folhas e pelas flores que começam a brotar no princípio
da primavera; e saiba que, ainda, é hora de mudar. Não se esqueça dos
mais carentes, dos camponeses, dos operários e deste país, de todos seus
homens e mulheres, e tenha a coragem de ser uma delas, não permanecendo
no governo se não for capaz de exercê-lo em toda a sua plenitude!