Quarta, 2 de setembro de 2015
Do site esquerda.net
Em entrevista ao Le Monde, o Prêmio Nobel da
Economia defendeu que “a obsessão com a austeridade e a fobia da dívida” têm
como objetivo atacar o Estado Social. Para Joseph Stiglitz, as “desigualdades
são o resultado de escolhas políticas e não uma fatalidade”.
2 de Setembro, 2015
Por ocasião da apresentação da edição francesa do livro The
Great Divide, Joseph Stiglitz afirmou que uma das causas da “estagnação
secular” é a “anemia na procura global”, causada, particularmente, pelas
políticas de austeridade impostas na Europa.
Para o economista norte americano, o terceiro pacote de
assistência à Grécia “é a garantia de que o país se vai afundar numa depressão
longa e dolorosa”.
“A dívida é encarada como um travão ao crescimento, quando,
pelo contrário, é o garante da prosperidade futura, quando utilizada para
financiar investimentos essenciais”, advogou o Prêmio Nobel da Economia em
entrevista ao Le Monde.
Segundo Stiglitz, “uma parte da direita do Velho Continente
alimenta esta histeria em torno da dívida, por forma a atingir o Estado Social.
O seu objetivo é simples: reduzir o escopo dos Estados”.
“É muito preocupante. Alimentando essa visão de mundo, a
obsessão com a austeridade e a fobia da dívida, a UE está a destruir o seu
futuro”, alerta.
“Desigualdades são o resultado de escolhas políticas e não
uma fatalidade”
O economista norte americano defendeu que as desigualdades,
que, segundo alega, estão na origem da crise do subprime de 2007, “são
incompatíveis com o crescimento saudável”.
“As desigualdades são o resultado de escolhas políticas e
não uma fatalidade”, referiu o Nobel da Economia.
Defendendo que os países industrializados, e em concreto os
EUA, devem investir em inovação, infraestruturas e educação, Stiglitz assinalou
que “o endividamento para construir o futuro não é um travão ao crescimento”,
sendo que “não fazê-lo é que é um presente envenenado para as gerações
futuras”.
O economista lembrou ainda que, “nos EUA, as taxas de juro
reais são negativas, e as mesmas são muito baixas na Europa”. “O momento nunca
foi tão propício ao investimento”, frisou.
Sobre a suposta “recuperação dos EUA”, Joseph Stiglitz
apontou que não passa de “uma miragem”, sendo unicamente sustentada pela queda
do dólar e a bolha do mercado de ações.