Quarta, 30 de dezembro de 2015
Do SindMédico/DF
"Ficamos
contando as horas torcendo pra não ter que dar mais uma notícia de
óbito evitável ou potencialmente evitável... Mais um atestado de
óbito...
Os pacientes estão morrendo no (Hospital de) Base, como morrem no interior de Goiás... Não dá! Esse não é nosso papel."
Este
é um trecho do desabafo de um médico sobre o desabastecimento de
medicamentos na rede pública de saúde de Brasília, que vazou de um grupo
no Whatsapp neste fim de semana e reverberou na imprensa nacional. A
referência, nesse caso, era à cardiologia do Hospital de Base do
Distrito Federal (HBDF), mas ecoa em todos os hospitais públicos da
cidade.
No Hospital Regional de Sobradinho, a pediatria chegou a contar com
um único pediatra de plantão. Na véspera, esse profissional foi avisado
que que não haveria chefia de equipe e que não havia sequer reagentes
para fazer um hemograma. “Trabalhamos com dificuldades todo dia e já
enfrentei tempos difíceis, mas nunca tão sem recursos quanto agora”,
afirmou esse pediatra à assessoria de imprensa do SindMédico-DF.
A resposta, por nota, da Secretaria de Estado de Saúde (SES/DF) à
situação no HBDF foi evasiva, confirmou a falta de 60 medicamentos nos
estoques, mas não apontou solução para os pacientes que correm risco de
morte iminente.
“Não podemos conceber continuar trabalhando nessas circunstâncias”,
afirma o presidente do Sindicato dos Médicos do Distrito Federal
(SindMédico-DF), Gutemberg Fialho. “Nossa profissão é salvar vidas e não
podemos aceitar que o governo assuma uma postura distante e fria de
tratar nossos pacientes como componentes de um planilha de custos. Não
podem simplesmente deixar as pessoas morrerem em nossos braços. O
governo e a gestão da Saúde têm que ser responsabilizados por essas
mortes”, reclama ele, que enfatizou à imprensa a gravidade da situação
causada pela falta de medicamentos.
Neste período do ano é comum a imprensa focalizar a área da saúde no
noticiário diário, uma vez que a cobertura política fica esvaziada.
“Infelizmente, é comum que, para fugir dos holofotes, os governos tentem
transferir para os médicos a responsabilidade do caos”, aponta
Gutemberg.
Por isso, o sindicato recomenda cuidado redobrado aos médicos nos
plantões desse período. “Todos os fatos que fogem à normalidade devem
ser registrados por escrito”, destaca Gutemberg, que também orienta os
plantonistas a informar ao sindicato se tiverem conhecimento prévio de
problemas nas escalas de plantão, falta de medicamentos ou de exames.
Essas informações devem ser enviadas para o e-mail imprensa@sindmedico.com.br.