Terça,
22 de dezembro de 2015
Do Correio da
Cidadania
www.correiocidadania.com.br
Escrito por Caio
Almendra*
Tanto a direita de oposição quanto o governo de direita
fracassaram em levar pessoas às ruas. O jogo do impeachment será jogado nos
palácios e não nas ruas. As ruas rejeitaram o jogo.
De um lado, a direita de oposição começou bem o ano.
Capitalizou razoavelmente a insatisfação com o governo na primeira passeata.
Mas, justamente quando deveria estar no ápice, quando o impeachment aparece no
horizonte possível, quando a insatisfação é mais alta, decai vertiginosamente.
Por quê?
Primeiro, porque o impeachment começa um pouco
desmoralizado. Mais pessoas querem a cassação de Cunha, o grande operador, do
que o impeachment de Dilma. Depois, ao contrário do que a "liderança"
pensou, a população não quer as "vitórias de gabinete", as "vitórias
de jornais".
"Dane-se se o processo de impeachment corre, estou há
um ano indo às ruas contra esse governo e não ganhei nada com isso".
Por fim, houve uma vitória daqueles que lutaram para
ridicularizar tais manifestações, e é inegável. A dúvida é sobre ser desejável
no longo prazo, se ajudará ou atrapalhará a mobilização social.
Do outro lado, a “direita do governo” pode ter
"mobilizado" mais nessa semana, mas a popularidade nunca esteve tão
baixa. Infelizmente, a capacidade de mobilização de CUT e cia não pode ser
apartada da "contratação" de passeateiros, junto às próprias bases
sociais, diga-se de passagem. Não é apenas a força da grana, mas também não
existiria sem ela...
De toda forma, o governismo deveria estar no ápice
mobilizatório, dado o receio do "golpe", porém, está bem longe disso.
Ou melhor, o governismo nunca teve tão pouca potência mobilizatória e não
parece que conseguirá recuperá-la.
Comum ao fracasso de ambos está a completa incapacidade de
entender as lições recentes de mobilização de massas, em especial as de Junho
de 2013. A uniformização, nas vestimentas e nas místicas, é o anti-Junho, é a
antítese da diversidade essencial para compor uma multidão.
Os carros de sons e os balões gigantescos, pagos
sabe-se-lá-como, ofuscam o cartaz individual (mas que formavam um todo
ideológico e contra-hegemônico, sem dúvida, como muitas pessoas que falavam
simultaneamente e notavam que estavam em sintonia, notavam que sentiam as
mesmas coisas, as mesmas angústias), marca essencial de 2013.
Qualquer hipótese de "terceira via" precisará
aprender com o sucesso de 2013 e com os fracassos, dos dois lados, de 2015. E é
urgente.
*Caio
Almendra é advogado.