Domingo, 27 de dezembro de 2015
Da Tribuna da Imprensa, Via Correio do Brasil
O
ataque teria ocorrido neste sábado “sobre o córrego d’água e sobre o
resquício de mata ainda não derrubado pelo agronegócio”, afirma líder
indígena.
Uma
nova denúncia, desta vez filmada por um líder indígena, mostra ação de
supostos fazendeiros da região de Caarapó, no Mato Grosso do Sul, pela
expulsão das famílias que permanecem no acampamento Tey’i Jusu, da etnia
Kaiowá. De acordo com a filmagem “fazendeiros da região despejam agrotóxico sobre as famílias”.
“Debaixo
do veneno, crianças, velhos, pessoas da etnia indígena Kaiowa que
tentam viver sua cultura e plantar seu alimento em paz sobre seu
território ancestral”.
O
ataque teria ocorrido neste sábado “sobre o córrego d’água e sobre o
resquício de mata ainda não derrubado pelo agronegócio”. Ao longo de
2014, denúncias foram encaminhadas para a Sexta Câmara de Justiça do
Mato Grosso do Sul, “contendo vídeos que flagraram uma aeronave idêntica
despejando veneno sobre estas famílias”, afirmou a testemunha. Este
seria o quinto ataque químico “contra a mesma comunidade, em menos de um
ano”, afirmou.
Luta antiga
Há décadas, o povo Guarani Kaiowá resiste aos ataques de fazendeiros ao seu território,
no Estado do Mato Grosso do Sul. A luta, no entanto, tornou-se mais
aguerrida nos últimos quatro anos. Desde 2012, ano de intensa
mobilização dos povos indígenas no Mato Grosso do Sul, a
causa indígena conseguiu uma visibilidade e alianças talvez jamais
vistas na história deste país.
Uma enorme repercussão e solidariedade se espalhou pela internet (Somos todos Guarani Kaiowá) e
se desdobrou, desde então, em outras dezenas de campanha. Milhares de
pessoas acrescentaram a seus nome o nome desse povo. Um abaixo assinado,
na época, reuniu mais de 300 mil assinaturas de apoio aos direitos desse povo.
Em mais de uma centena de cidades realizaram manifestações e atos
públicos de apoio a esses povos. Podemos dizer que o Brasil e o mundo
foram um pouco mais Guarani-Kaiowá, solidarizando-se e apoiando a dura
luta pela vida e pelos seus territórios.
Ainda assim, os ataques de fazendeiros da região ocorrem, sem que haja a intervenção policial efetiva no conflito.