Da Tribuna
da Internet
ROBERTO
NASCIMENTO
Não entendo as declarações de que, para resolver a crise,
falta protagonismo das empresas privadas. Exatamente neste aspecto, nunca antes
neste país houve tanto investimento para as empresas privadas, através de
empréstimos de mãe para filho do BNDES para comprar empresas estatais, tanto no
governo tucano como no governo petista. Todos os governos deram incentivos
fiscais, principalmente para as empresas automobilistas não demitirem. Os
chamados campeões nacionais nunca foram tão aquinhoados com recursos do Estado.
Falar em industrialização e não informar como o Brasil
entrou nesse seleto grupo e agora está na iminência de retroagir no tempo e no
espaço, mais parece uma tentativa de esconder que o Estado foi o motor do
desenvolvimento industrial pelas mãos do governo do presidente Getúlio Vargas,
o político que enfrentou os barões do café com leite. Getúlio implantou os
pilares da indústria, com a Siderúrgica de Volta Redonda, a Petrobrás e o
Sistema Elétrico.
Pela sua coragem, o caudilho gaúcho foi sabotado de todas
as maneiras pelo empresariado e pelo estamento militar. Se não tivesse feito o
gesto extremo de dar fim a vida seria derrubado e preso, após perder o apoio do
Congresso e das forças conservadoras, que o ligaram ao atentado da Rua
Toneleros, em Copacabana. Na ação morreu o major da Aeronáutica Rubem Vaz,
segurança do governador Carlos Lacerda, que foi ferido no pé.
SEMPRE O ESTADO
Pois bem, O Estado brasileiro foi o motor da
industrialização nos seus primórdios. Portanto, a iniciativa privada ficou a
reboque dessa iniciativa animal do estadista Getúlio Vargas. Desde a incipiente
industrialização da economia, tivemos inúmeras crises econômicas, nos governos
civis e militares. O fim do ciclo militar começou após a crise do petróleo, que
afetou o Brasil em cheio e agora a crise desencadeada pela bolha imobiliária
nos EUA em 2008, cujos reflexos no Brasil começaram lentamente em 2010 e
atingem o auge neste 2015, sugerem o fim do ciclo petista de poder.
Depois dizem que a história só se repete como farsa, mas
os exemplos de repetição da história com atores e cenários diferenciados é uma
constante, “pois ainda somos os mesmos, como os nossos pais” na linda canção do
cearense Belchior.
A grita geral, principalmente de economistas é porque a
farra acabou pela absoluta capacidade atual do Estado se endividar ainda mais.
É público e notório que o empresariado nacional sempre dependeu do Estado para
criar e expandir seus negócios, com honrosas exceções, que fogem à regra geral.
Aqui nos trópicos, o tão decantado “espírito animal” não passa de um sonho de
uma noite de verão.