Quarta, 23 de dezembro de 2015
Michèlle Canes – Repórter da Agência Brasil
O
solo da área afetada pela lama do rompimento da barragem de rejeitos de
mineração da Samarco, empresa controlada pela Vale e pela BHP Bilinton,
no município mineiro de Mariana, não está apto para o desenvolvimento
da agropecuária, revela estudo preliminar feito em parceria pela Empresa
Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Empresa de Assistência
Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG) e Empresa
de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig).
O levantamento foi feito a pedido da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
Segundo
José Carlos Polidoro, pesquisador da Embrapa Solos, foram coletadas
amostras em 10 pontos dentro da área de 1.430 hectares afetados pela
lama.
Polidoro disse que a lama que cobriu a região não tem
nutrientes que possibilitem o plantio. “O material, quimicamente, é
quase inerte. Não há condição nenhuma de crescer uma planta [nessa
área]. Ou seja, a agropecuária, nesse ponto, com o material que foi
depositado nessa área, não tem a mínima condição de voltar a ocorrer,
pelo menos por enquanto”, afirmou o pesquisador.
De acordo com
Polidoro, outra questão analisada na primeira fase do estudo foi a
presença de metais pesados nas amostras. “Primeiramente, a nossa
investigação foi sobre a presença, ou não, de metais pesados em
concentrações tóxicas. Nós não detectamos isso. Detectamos que não há
nenhum indício de metais pesados em concentrações tóxicas nesse material
que se espalhou nos 1.430 hectares, aproximadamente, que foram
atingidos pela lama da barragem de rejeitos.”
Quanto ao
reflorestamento da região, Polidoro informou que está sendo estudada a
possibilidade de recuperação da área atingida. “O estudo é preliminar. A
princípio, há possibilidade de recuperação. Existem várias tecnologias
para recuperar áreas impactadas por vários problemas, mas a solução,
como será a recuperação, temos que estudar um pouco mais. A princípio, é
a revegetação com reflorestamento, mas é um pouco cedo para ter um
diagnóstico definitivo.”
Segundo o pesquisador, está sendo feito
outro levantamento para avaliar os demais danos causados pelo
rompimento da barragem. Com as informações, serão analisadas as ações a
serem adotadas. “Há técnicas para fazer isso [recuperar], mas ainda não
definimos, porque estamos apoiando o governo de Minas Gerais, e isso não
é uma competência só da Embrapa. Temos que juntar uma série de órgãos
para definir [o quê fazer]”, explicou.