Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

Contra o aumento e a repressão!

Quarta, 13 de janeiro de 2016
Da Tribuna da Imprensa
IGOR MENDES 
São revoltantes as imagens que chegam de São Paulo da brutal repressão policial desatada contra a manifestação de ontem. A arrogância e truculência dos governos de plantão desafia a realidade de um País afundado na recessão, inflação e desemprego. É inevitável que, nesse impasse, haja uma radicalização dos protestos, duplamente legítimos, tanto pela justeza das bandeiras que defendem como por colocarem na pauta a própria defesa do direito de manifestação, atacado pelos gigantescos aparatos repressivos mobilizados contra a juventude e os trabalhadores. A revolta popular pede passagem.
No Rio de Janeiro, embora na primeira manifestação contra o aumento a PM estivesse claramente orientada a postar-se na defensiva –afinal, um Rio conflagrado é tudo que os governantes temem às vésperas das Olimpíadas –também temos um tenebroso histórico recente de perseguição e encarceramento de ativistas, e nas favelas e periferias, uma política de extermínio da juventude pobre e negra. Se o governo de São Paulo é tucano, a prefeitura que aumentou as passagens é do PT, e no Rio tanto Eduardo Paes como Pezão são firmes aliados de Dilma. O que prova, por a+b, que a política antipovo implementada por esses partidos é idêntica: corte de direitos, tarifaço e repressão.
A esquerda verdadeira está nas ruas, lutando o bom combate ao lado de uma população cansada de ser tratada como gado, recusando-se cada dia que passa a seguir vivendo como antes. A velha política de conciliação de classes adotada pelos velhos “partidos de massas” eleitoreiros e reformistas, cujo maior expoente é o PT, afundou e é incapaz de dar resposta a esse novo momento da luta de classes que rompeu no país a partir de junho de 2013. Ao contrário, os que defendem o governo de Dilma, ou ficam eternamente no meio do caminho, são inimigos da luta popular, são verdadeiras camisas-de-força cujo rompimento é indispensável para que alcancemos nossos objetivos.
O que ninguém pode negar é que as jornadas de junho continuam na ordem do dia. Nas manifestações que desde então tomam as ruas forma-se uma nova geração de ativistas, exercitam-se novas formas de luta, realmente insubordinadas, atropelam-se os apodrecidos “movimentos sociais oficiais” ligados ao governo e às centrais sindicais pelegas. Nesse momento não cabem indecisões ou dúvidas: ou se está pela justeza da revolta popular, com todas as variadas formas que pode e irá assumir, ou se está pela velha ordem, ditadura de grandes burgueses e latifundiários, serviçais do imperialismo; ou se está com os trabalhadores e a juventude combatente que se rebelam, e seguirão rebelando, ou se está ao lado do partido único da reação, qualquer que seja a legenda escolhida.
2016 apenas começa, e é impossível dizer exatamente o que virá. A única certeza é que os tempos de calmaria ficaram definitivamente para trás.
Urgente! Pela liberdade de Rafael Braga!
Fiquei sabendo há pouco da nova prisão de Rafael Braga Vieira, o primeiro brasileiro condenado pelas manifestações de 2013, responsável pelo “porte” de desinfetante... Após anos de luta em torno da sua liberdade e muitas idas e vindas, em dezembro último finalmente Rafael ganhou o benefício de cumprir o restante da pena em regime aberto. Ontem, entretanto, quando ia comprar pão, perto de casa, foi parado por policiais (“dura” provavelmente provocada pelo fato de andar com tornozeleira eletrônica) e preso sob acusação de tráfico de drogas. Hoje no TJ ocorrerá a audiência de custódia que decidirá se sua prisão será convertida em preventiva ou se Rafael aguardará o andamento de mais esse processo em liberdade.
Venho nesta página me somar às vozes que exigem a sua imediata liberdade. Rafael Braga é novamente vítima de uma política de discriminação, em virtude da cor da sua pele, da sua situação econômico-social e também da condição de egresso do sistema penal. O mesmo Estado que o condenou de maneira absurda nega-lhe as condições mínimas para que, uma vez em liberdade, possa reconstruir sua vida de maneira digna. Permitir que Rafael Braga seja preso é admitir que o Estado siga violando os direitos do povo impunemente, é conciliar com a política higienista-racista e genocida aplicada pela Polícia de Pezão
Liberdade a Rafael Braga!