Sábado, 10 de setembro de 2016
Mariana Tokarnia – Repórter da Agência Brasil
A
rede privada apresentou mais quedas no índice que mede a qualidade do
ensino médio do que a rede pública, conforme dados do Índice de
Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), divulgados nesta quinta-feira
(8) pelo Ministério da Educação (MEC). Ao todo, 11 estados e o Distrito
Federal apresentaram queda na rede privada. Em cinco estados, houve
queda na rede pública.
O Ideb nacional do ensino médio manteve-se estagnado em 3,7 em 2015, patamar em que se encontra desde 2011. Isso fez com que o país descumprisse a meta para o índice pela segunda vez consecutiva. Apenas dois estados – Amazonas e Pernambuco – bateram as metas que teriam de cumprir.
O cenário, no entanto, melhorou. No último Ideb, de 2013, 13 estados apresentaram piora no índice
em relação ao anterior. Em 2015, somente quatro estados – Goiás, Santa
Catarina, Rio Grande do Sul, Minas Gerais – tiveram piora no Ideb.
Distrito Federal, Rio de Janeiro, Sergipe e Rondônia ficaram estagnados,
enquanto 19 estados aumentaram o Ideb de 2013 para 2015.
Separadamente,
a rede privada teve queda em mais estados que a rede pública estadual. O
Ideb caiu no Pará, Tocantins, Maranhão, Piauí, na Paraíba, em
Pernambuco, na Bahia, em Minas Gerais, no Paraná, em Santa Catarina,
Goiás e no Distrito Federal.
As rede estaduais tiveram quedas
em Rondônia, Sergipe, Minas Gerais, Santa Catarina e no Rio Grande do
Sul. "Isso prova que o modelo que temos é ruim. Impacta tanto a rede
pública quanto a rede privada. Por isso, a importância de reformar o
ensino médio", disse o presidente do Conselho Nacional de Secretários de
Educação (Consed), Eduardo Deschamps.
O Ideb é um indicador de
qualidade dos ensinos fundamental e médio, divulgado a cada dois anos. O
índice é calculado com base em dados sobre aprovação e desempenho
escolar obtidos por meio de avaliações do MEC. Desde a criação do
indicador, em 2005, foram estabelecidas metas que devem ser atingidas
por escolas, prefeituras e governos estaduais.
As metas
intermediárias são diferenciadas para cada ente federativo e escola
porque cada um partiu de um ponto distinto em 2005. O objetivo é que o
país atinja o Ideb 6 no ensino médio até 2028. O Ideb da etapa de ensino
é calculado por amostra aleatória e inclui alunos das redes pública e
privada.
"O resultado está ligado a essa amostra que o MEC pegou.
Não significa que todo o ensino médio privado está assim, dessa forma.
No entanto, o resultado indica que o ensino médio precisa de
reestruturação, como vem sendo debatido na Câmara dos Deputados",
afirmou a presidente da Câmara de Ensino Superior da Federação Nacional
das Escolas Particulares (Fenep).
A reestruturação do ensino
médio é objeto do Projeto de Lei 6.480/2013, que está em tramitação no
Congresso Nacional. Em entrevista coletiva, o ministro da Educação
Mendonça Filho disse que, se o proeto não for votado neste ano, pedirá
que o presidente Michel Temer edite uma medida provisória (MP) que faça
mudanças na etapa a fim de torná-la mais atraente para os jovens,
incluindo maior aproximação com o ensino técnico e a flexibilização do
currículo.
Ensino Médio
Junto com os
resultados do Ideb, o MEC divulgou o desempenho dos estudantes no
Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), um dos componentes do
índice. O resultado mostra que, em português e matemática, o desempenho
de estudantes do ensino médio em 2015 foi pior que o de 20 anos atrás.
O gerente de Projetos da Fundação Lemann, Ernesto Faria, ressaltou que nenhuma rede apontou um caminho para o ensino médio. "A diferença entre as redes é muito pequena", disse ele.
O gerente de Projetos da Fundação Lemann, Ernesto Faria, ressaltou que nenhuma rede apontou um caminho para o ensino médio. "A diferença entre as redes é muito pequena", disse ele.
"Se o ensino médio já tinha
o sinal vermelho antes, agora está piscando. Não tem como se acostumar
com esse resultado. O resultado pode parecer estagnado, mas na verdade
está indo para trás. Se o mundo inteiro está melhorando, e estamos
parados, signfica que estamos [em situação] pior em relação aos demais
países", afirmou a presidente executiva do movimento Todos pela
Educação, Priscila Cruz.