Sexta, 14 de outubro de 2016
              Camila Boehm – da Agência Brasil
          
  
  
            
    
    
A juíza Maria Priscilla Ernandes Veiga Oliveira, da 4ª Vara 
Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ), aceitou ontem (13) 
denúncia do Ministério Público do estado (MP) contra o ex-presidente da 
construtora OAS, José Aldemário Pinheiro Filho, conhecido como Léo 
Pinheiro, e o ex-tesoureiro do PT e ex-presidente da Cooperativa 
Habitacional dos Bancários de São Paulo (Bancoop), João Vaccari Neto, 
além de mais dez investigados.
A acusação trata de 
irregularidades nos empreendimentos Casa Verde, Liberty Boulevard, Mar 
Cantábrico (atual Solaris), Ilhas D'Itália, A'Bsoluto, Colina Park e 
Altos do Butantã, todos da Bancoop. Léo Pinheiro é acusado de associação
 criminosa e estelionato. João Vaccari é acusado de associação 
criminosa, falsidade ideológica e estelionato.
O advogado de 
Vaccari, Luiz Flávio Borges D'Urso, disse que “a defesa entende a 
denúncia absolutamente imprópria, porque as questões apontadas nessa 
denúncia já estão sendo examinadas no outro processo da Bancoop, na 5ª 
vara criminal, o qual está em fase de sentença”. Ele acrescentou que, no
 processo da 5ª vara, “a conduta de João Vaccari Neto enquanto dirigente
 da Bancoop se demonstrou absolutamente ilibada”. A assessoria da OAS 
disse que não vai se manifestar.
A Bancoop é uma cooperativa 
criada em 1996 pelo Sindicato dos Bancários de São Paulo para construir 
conjuntos habitacionais para seus associados. O Ministério Público 
suspeita, no entanto, que a cooperativa não tenha cumprido a promessa de
 entregar imóveis quitados a seus cooperados e que tenha servido, na 
verdade, para captar recursos de caixa 2 para o PT. No período de 2005 a
 fevereiro de 2010, Vaccari comandou a Bancoop.
Lula
 
A
 denúncia recebida hoje envolvia inicialmente o ex-presidente Luiz 
Inácio Lula da Silva, sua esposa Marisa Letícia, o filho do casal Fábio 
Luis Lula da Silva e o triplex 164-A no Solaris, no Guarujá (SP), que 
era um empreendimento da Bancoop e, em 2009, foi transferido à OAS por 
uma decisão dos cooperados. Em março, o TJ-SP mandou essa denúncia do 
MP-SP, que incluía a acusação e o pedido de prisão de Lula, para o juiz 
federal Sérgio Moro, que conduz as ações da Lava Jato.
A 
força-tarefa da Lava Jato denunciou Lula à Justiça Federal por corrupção
 passiva e lavagem de dinheiro. Segundo os procuradores da República, 
Lula recebeu R$ 3,7 milhões de propina de empresas envolvidas no esquema
 de corrupção da Petrobras, por meio de vantagens indevidas, como a 
reforma de um apartamento triplex no Guarujá (SP), e pagamento de 
despesas com guarda-volumes para os objetos que Lula ganhou quando 
estava no cargo. As vantagens teriam sido pagas pela empreiteira OAS.
Em
 20 de setembro, o juiz Moro aceitou denúncia da procuradoria e 
determinou então a devolução, à Justiça de São Paulo, dos autos enviados
 pela juíza Maria Priscilla, referentes aos delitos de competência 
estadual. Ele pediu a exclusão das acusações contra Lula e sua família, 
porque considerou que estão sob jurisdição federal.
Na ocasião, o
 juiz decidiu pela “supressão porém de todas as imputações relacionadas 
ao ex-presidente da República e seus familiares e igualmente em relação a
 qualquer fato envolvendo o apartamento 164-A do Condomínio Solaris”.
 
 
 
