Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

terça-feira, 13 de abril de 2021

Não soubemos ver você


Convento de Mani de Iucatã, no México.
Imagem da internet
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Abril
13

Não soubemos ver você

No ano de 2009, no átrio do convento de Mani de Iucatã [México], quarenta e dois frades franciscanos cumpriram uma cerimônia de desagravo à cultura indígena:

– Pedimos perdão ao povo maia, por não haver entendido sua cosmovisão, sua religião, por negar suas divindades; por não ter respeitado sua cultura, por haver imposto durante muitos séculos uma religião que não entendiam, por haver satanizado suas práticas religiosas, e por haver dito e escrito que eram obra do Demônio e que seus ídolos eram o próprio Satanás materializado.

Quatro séculos e meio antes, naquele mesmo lugar, outro frade franciscano, Diego de Landa, havia queimado os livros maias, que guardavam oito séculos de memória coletiva.

Eduardo Galeano, no livro ‘Os Filhos dos dias’, 2ª edição, 2012, pág. 127, L&PM Editores