Sexta, 4 de maio de 2012
 O Conselho de Ética do 
Senado decidiu, na manhã desta quinta-feira 3, pela abertura de processo
 disciplinar, que pode levar a cassação, por quebra de decoro 
parlamentar contra o senador Demóstenes Torres (sem partido/GO). A 
representação foi apresentada pelo PSOL no dia 28 de março deste ano e 
argumentava sobre as suspeitas relações do senador com o contraventor e 
bicheiro Carlos Cachoeira. 
Para o PSOL, há claros indícios de quebra de decoro. Leia a nota do líder na Câmara, deputado Chico Alencar. 
“O relatório senador 
Humberto Costa (PT/PE) no Conselho de Ética, acolhendo a Representação 
do PSOL - encabeçada por seu presidente nacional, deputado Ivan Valente –
 contra o senador Demóstenes Torres, foi demolidor: não há argumento 
jurídico-político que o refute! 
Apesar de a defesa de 
Demóstenes alegar "desconhecer 80% dos fatos” constantes do voto, a 
essência do que foi relatado de maneira circunstanciada, com seis claros
 indícios de quebra de decoro, está no pedido original do PSOL: aferição
 de vínculo de Demóstenes com atividades ilícitas do Cachoeira, defesa 
de interesses particulares no exercício do mandato, mentiras em 
pronunciamento na tribuna, em 6 de março, recebimento de vantagens 
indevidas em função do cargo, tráfico de influência. 
Esperamos que o acolhimento
 da nossa Representação e a abertura do processo disciplinar sejam 
aprovados, à unanimidade, pelo Conselho de Ética. A verdade dos 
deploráveis e notórios fatos não será ofuscada por nenhuma artimanha 
jurídica. A batalha da defesa será, agora, apenas para protelar a 
decisão final. O PSOL conclama a cidadania a acompanhar, atenta, todo o 
processo que agora se instaura. 
Em frente! “ 
Chico Alencar, líder da bancada na Câmara dos Deputados. 
Quebra de decoro parlamentar 
O relator Humberto Costa 
(PT/PE) apresentou um relatório preliminar, de 62 páginas, que ainda 
precisa ser votado pelos senadores, o que deve acontecer na próxima 
terça-feira, dia 8. Se o relatório for aprovado será aberto processo 
disciplinar no Conselho de Ética, que decidirá sobre o arquivamento ou 
pela punição – que pode ser a cassação. Nesse caso, Demóstenes Torres só
 perde o mandato se a cassação for aprovada também pelo plenário do 
Senado. 
Para Humberto Costa, 
Demóstenes tinha conhecimento das atividades ilícitas de Cachoeira e que
 “faltou com a verdade”, em seu pronunciamento, no dia 6 de março no 
plenário do Senado, quando afirmou que somente possuía relações sociais 
com o empresário . 
De acordo com o relatório, 
Demóstenes teria recebido vantagem indevida ao aceitar do contraventor 
um aparelho Nextel, “cujo pretexto e finalidade são igualmente passíveis
 de questionamentos”, e teria atuado, no exercício do seu mandato 
parlamentar, de forma a fazer prevalecer os interesses de Cachoeira no 
segmento de jogos de azar. 
O relator destaca ainda que
 Demóstenes confirmou ter recebido, como presente de casamento, uma 
geladeira e um fogão importados; confirmou ter trocado centenas de 
telefonemas com o contraventor já durante o exercício do mandato 
parlamentar; admitiu terem sidas feitas “milhares” de referências ao seu
 nome em diálogos entre Cachoeira e outras pessoas; e admitiu a conversa
 com Cachoeira sobre o pagamento de um aluguel de aeronave. 
Para o senador Humberto 
Costa, ficou clara a existência de uma relação, além de simples 
relacionamento de amizade, entre o senador e o empresário, “não apenas 
pelos fatos divulgados na imprensa, mas por fatos confirmados pelo 
próprio parlamentar”. Ele ressaltou que não usou em seu relatório o 
conteúdo de matérias jornalísticas nem de gravações e escutas 
telefônicas exatamente para que não houvesse contestação posterior por 
parte da defesa. 
O senador Demóstenes Torres não acompanhou a leitura do relatório no Conselho de Ética. 
Com informações da Agência Senado. 
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