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(Millôr Fernandes)

sábado, 6 de julho de 2013

Veja: Delta, de Cavendish, abre subsidiária para tentar 'vida nova' em São Paulo

Sábado, 6 de julho de 2013

Técnica Construções foi criada em fevereiro e já participa de duas licitações no estado: um contrato de 3,8 bilhões de reais para uma Parceria Público-Privada que deve operar na bacia do Tietê e outro de 54,6 milhões de reais para a duplicação de uma rodovia

Ana Clara Costa
Fernando Cavendish, dono da DELTA
Fernando Cavendish, dono da Delta - e, consequentemente, da Técnica (Eduardo Knapp/Folhapress)

Aos que acreditavam que a participação no esquema do bicheiro Carlinhos Cachoeira seria suficiente para sepultar a atuação de Fernando Cavendish no setor de infraestrutura, uma nova construtora foi criada para provar o contrário. A Delta, utilizada pelo empresário como veículo de desvio de recursos públicos, deu origem a uma nova empresa: a Técnica Construções, subsidiária integral da empreiteira de Cavendish, que está em recuperação judicial, deve cerca de 500 milhões de reais e, por ser inidônea, é proibida de participar de licitações. A criação da empresa foi noticiada pelo jornal O Estado de S. Paulo.

Criada em fevereiro deste ano, a Técnica tem seu breve histórico imaculado e está pronta para mergulhar em todos os certames aos quais for elegível - mesmo que seja uma cópia exata de sua controladora 'ficha-suja'. A Delta teve de transferir recursos para dar origem à nova 'herdeira', que já nasceu rica: seu capital social é da ordem de 79 milhões de reais. A Técnica foi desenhada para ser o novo braço "limpo, enxuto e idôneo" da antiga empresa, segundo a juíza Maria da Penha Nobre Mauro, da 5ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro, que aprovou o plano de recuperação judicial da Delta. Segundo o documento ao qual o site de VEJA teve acesso, a juíza chegou a afirmar que a Técnica será “uma vigorosa sucessora da Delta”. 

Para suceder empreiteira com ficha tão chamuscada, a Técnica teve de direcionar sua atuação para fora do Rio de Janeiro. A empresa foi registrada na Junta Comercial de São Paulo e sua sede também se encontra na capital. Não à toa, os primeiros processos licitatórios nos quais se inscreveu ocorrem no estado. O primeiro visa a duplicação da rodovia SP-304, num contrato de 54,6 milhões de reais. E o segundo é uma Parceria Público-Privada (PPP) para operação, manutenção e expansão do sistema de reservatórios da Bacia do Alto Tietê. Neste caso, o contrato tem prazo de 20 anos, no valor de 3,8 bilhões de reais.

Os bilhões em questão atiçaram a ira dos consórcios concorrentes, que tentaram impugnar a participação da Técnica alegando a ligação da empresa com a Delta. "Ao criar uma ‘nova empresa’ e integralizar o capital social transferindo todo acervo técnico, a Delta pretende valer-se do novo número de CNPJ (supostamente limpo) para burlar o seu impedimento de participar do certame licitatório. A empresa Técnica Construções possui o mesmo endereço da empresa Delta, o quadro societário é o mesmo e o principal objeto social de ambas as empresas é idêntico", afirmou a Odebrecht, uma das rivais, em recurso protocolado na Secretaria de Saneamento e Recursos Hídricos do Estado de São Paulo. Leia a íntegra