Quinta, 24 de abril de 2014
Quantos mais vidas serão
necessárias para que a farsa e a utopia da UPPs seja revelada? Estamos
vivendo de aparências. É revoltante ver em rede nacional os comerciais
do governo do estado do Rio de Janeiro mostrando favelas que não existem
na vida real, apenas no conto de fadas e na balela contada pelos
governantes. É tudo mentira!
A pacificação só trouxe armas e
violência, o social ficou de lado, e morador de favela ao invés de
receber os serviços públicos de direito básico vem recebendo é violência
e repressão. O lixo continua fazendo parte do dia a dia dos moradores e
a falta de água tem sido uma das maiores reclamações na Rocinha. As
pessoas continuam vivendo em meio a valas e pisando na lama, o
saneamento básico foi esquecido.
As promessas eram de uma vida de paz, mas estão matando nossos filhos e nossos pais, estão matando de todas as formas, seja com a violência policial ou com a falta do poder público nas ações necessárias para vida. O feriado de Semana Santa na Rocinha foi marcado pela falta de água, o que é um crime cometido contra todas essas famílias.
Até
quando vamos conviver com a miséria, violência e descaso sendo tratados
de tal forma. As comunidades estão vivendo um clima de insegurança. Na
Rocinha perdemos uma criança e uma jovem estuprada, além do Amarildo,
morto e torturado na UPP. Logo depois veio a Claudia, que teve seu corpo
arrastado, e agora o Douglas, espancado e violentado até a morte e
todos pagando com seu sangue a discriminação e abandono do poder
público.
E em meio a manifestação contra a violência perdemos mais um cidadão vítima da política precária de nossa cidade.
Descanse
em paz, Douglas. Que sua vida no céu seja repleta de luz e felicidade, e
que Deus conforte o coração de todos seus familiares e amigos que hoje
não suportam a dor de tamanha perda.
*Davison Coutinho, 24
anos, morador da Rocinha desde o nascimento. Bacharel em desenho
industrial pela PUC-Rio, Mestrando em Design pela PUC-Rio, membro da
comissão de moradores da Rocinha, Vidigal e Chácara do Céu, professor,
escritor, designer e liderança comunitária na Comunidade, funcionário da
PUC-Rio.
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