Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

sábado, 19 de setembro de 2015

Os governos sob o capitalismo não passam de meios para atingirmos nosso fim: a Revolução!!!

Sábado, 19 de setembro de 2015
Do Blog Náufrago da Utopia
Por Celso Lungaretti

Este morreu por não se prostrar aos inimigos de classe...
Em 1967, aos 16 anos, fiz minha opção definitiva pelos ideais de esquerda, que eu então identificava somente com o marxismo.
Ideologicamente, desde então a única mudança importante nas minhas convicções foi ter saído dos cárceres da ditadura convencido de que nada, absolutamente nada, justificava o esmagamento do indivíduo pelo Estado, que eu e meus companheiros sofrêramos na pele.
Passei a colocar em plano de absoluta igualdade os objetivos revolucionários e o respeito aos direitos humanos. Ou seja, encaro ditaduras, permanentes ou transitórias, como incompatíveis com a dignidade do ser humano e também com a própria integridade da revolução, pois a desvirtuam irremediavelmente, favorecendo a imposição da vontade de nomenklaturas sobre os trabalhadores.
A revolução deve transferir o poder ao povo, não entronizar novos privilegiados.
Coerentemente, deixei de me considerar apenas marxista. No que tange à ditadura do proletariado, os anarquistas é que sempre estiveram certos. Se fossem ouvidos, a revolução soviética não frustraria as enormes esperanças que despertou, a ponto de tornar-se exemplo negativo que o capitalismo utilizou para dissuadir os trabalhadores de outros países de também lutarem por sua emancipação.
...ao contrário da dona Dilma e seus dois banqueiros.
Hoje enxergo pontos válidos no marxismo, no anarquismo, no trotskismo e em muitas bandeiras específicas da geração 68. Se a humanidade vier a ser libertada (há, infelizmente, a possibilidade de o capitalismo a conduzir ao extermínio antes disto), será pelo que de melhor tais vertentes produziram. É essencial que estejam unidas nos momentos decisivos.
A revolução também não se confunde com capitalismo de estado, nem é necessariamente alavancada pela estatização da economia. Por tal caminho se chega mais facilmente ao fascismo do que ao reino da liberdade, para além da necessidade.
Fui dos primeiros a entrevistar o Lula na campanha eleitoral de 1989. Perguntei-lhe como faria para evitar que as estatais continuassem a serviço da politicalha. Ele respondeu que as colocaria sob a tutela de conselhos de trabalhadores.
Quando finalmente chegou à Presidência da República, não moveu uma palha neste sentido. Nem lhe foi cobrado, infelizmente. De 1989 a 2002, a esquerda não avançou, retrocedeu. E continua até hoje andando para trás, como os caranguejos.
Antes o impeachment do que esta abominação!

Eu não mudei um milímetro: ainda exijo a entrega das estatais aos trabalhadores organizados, na esperança de que estes as mantenham nos trilhos, evitando que sejam saqueadas e destruídas pelos políticos profissionais ou em seu benefício, como ocorreu com a Petrobrás.
É patética a obsessão pelo poder sob o capitalismo que contagiou a maior parte da esquerda brasileira. Da Presidência da República à vereança, os cargos eletivos na democracia burguesa sempre foram encarados pelos revolucionários como MEIOS para impulsionar a revolução, meras FERRAMENTAS da ação revolucionária, e não como fins em si.
Hoje o PT incute em legiões de primários e fanáticos a noção maniqueísta de que vale tudo para preservar o mandato de uma presidenta desmoralizada e fracassada, inclusive apoiar-se em banqueiros e entregar a condução da política econômica a um neoliberal, ou seja, um INIMIGO DE CLASSE.
Dizem que salvar Dilma Rousseff é ser de esquerda, independentemente de ela pisar o tempo todo nos ideais e bandeiras da esquerda; independentemente de sua práxis há muito ser a de uma gerentona atrabiliária e obtusa, não de uma companheira presidente; independentemente de em momento algum ela haver admitido que a guinada à direita foi um erro terrível e se disposto a corrigir o rumo, passando a honrar suas promessas de campanha. 
Repita comigo: L-U-C-R-O.
A revolução é infinitamente mais importante do que o governo de Dilma. Desmoralizar a revolução aos olhos dos trabalhadores, fazendo-os identificarem-na com tudo que há de ANTIPOPULAR e ANTIÉTICO, é destruir a esperança num futuro igualitário e livre, em troca da renovação da licença para o PT continuar gerenciando o capitalismo para os capitalistas, como vem fazendo há quase 13 anos.
Mais do que um governo nos estertores, cabe-nos salvar a semente de uma nova esquerda, para irrigá-la e fazer com que frutifique amanhã. Os erros cometidos nos últimos governos nos servirão como bússola: teremos de fazer tudo bem diferente, para que os frutos dos nossos árduos e abnegados esforços não nos escapem novamente dentre os dedos.
De resto, como dizia o Cristo, deixai os mortos enterrarem seus mortos.