Da CLDF
A obstrução anunciada por vários deputados distritais funcionou e a
sessão ordinária da Câmara Legislativa nesta terça-feira (27) foi marcada
apenas por depoimentos dos parlamentares que, em maioria, criticaram o
governo local pela falta de negociação com os servidores públicos em
greve. Nem requerimentos que estavam na Ordem do Dia alcançaram quórum para
votações.
"Nós hoje só vamos falar", anunciou o deputado Chico Vigilante,
líder do PT, ao criticar a postura do governo de anunciar unilateralmente que
só pagará os reajustes aprovados pelo legislativo no ano passado a partir de
outubro de 2016. "Já aprovamos aqui 90% dos projetos que foram enviados
pelo governo. Ajudamos a ampliar a base de arrecadação e não podemos ser
responsabilizados pela crise", protestou, em plenário, provocando o debate
da
questão.
"É com um misto de tristeza e de decepção que recebi o anúncio do
governo de pagar apenas a partir de outubro o reajuste aos servidores. E não
adianta agora o governador tentar jogar a responsabilidade aqui para dentro,
pois essa crise não é nossa. É de responsabilidade única dele. O nosso trabalho
sempre foi o de intermediar a crise em busca de uma solução", ressaltou o
distrital Renato Andrade (PR).
Também o deputado Wellington Luiz (PMDB), que presidiu a sessão na tarde
de hoje, cobrou do governo o retorno das negociações com as categorias em
greve. "É estarrecedor tudo isso, pois fomos pegos de surpresa por
essa imposição do governo, que tenta empurrar goela abaixo dos servidores esse
adiamento do reajuste, que pode ter consequências drásticas para o DF",
exortou.
"Imagino se o cidadão do DF deixasse de pagar suas contas alegando
problemas financeiros se o governo aceitaria que ele só fizesse o pagamento um
ano depois, sem pagar juros pela dívida quando estivesse em melhores condições,
desafiou o deputado Ricardo Vale (PT), também defendendo a retomada das
negociações em busca de um acordo entre as partes.
Economia – Apesar de manifestar seu apoio às reivindicações dos
servidores, Agaciel Maia (PTC) conclamou os colegas a votarem alguns
projetos do governo que venham aumentar a arrecadação, citando o caso de
ocupações de áreas verdes. "Precisamos votar logo algumas dessas
propostas. Temos que manter a economia do DF funcionando e a preservação
do nível do emprego", exortou o distrital, presidente da Comissão de
Economia, Orçamento e Finanças. "Se a economia melhorar o governo pode
fazer um esforço para pagar o reajuste antes, em maio ou março", sugeriu.
O líder do governo na Câmara Legislativa, deputado Júlio César (PRB),
apoiou o apelo feito por Agaciel. "Esses projetos encaminhados vão trazer
um pouco de alívio às contas públicas. E se não votarmos quem será prejudicada
é a população", afirmou o parlamentar, ressaltando ainda que confia no
resultado positivo da "reestruturação" administrativa anunciada pelo
governo. "Reconheço que o cronograma para o pagamento do reajuste foi um
pouquinho extenso", admitiu Julio Cesar.
Taxistas - Ao final da sessão ordinária, o deputado Rodrigo
Delmasso (PTN) ocupou a tribuna para manifestar "repúdio" à
agressão sofrida por um motorista do Uber, no último final de semana, por parte
de alguns taxistas. "Essas pessoas não representam a categoria dos
taxistas, que merecerem nosso respeito pelo trabalho realizado. Acredito que a
violência tem quer ser prontamente coibida pela segurança pública", pregou
o deputado, lembrando que apoia uma solução negociada para a disputa entre os
dois grupos.
Ziidenor Ferreira Dourado - Coordenadoria de Comunicação Social