André
Richter - Repórter da Agência Brasil
Em denúncia enviada ao Supremo Tribunal Federal (STF)
contra o deputado federal Nelson Meurer (PP-PR), o procurador-geral da
República, Rodrigo Janot, afirmou que o ex-diretor de Abastecimento da
Petrobras Paulo Roberto Costa e o Partido Progressista (PP) desviaram R$ 357,9
milhões em contratos da Petrobras.
De acordo com as investigações da Operação Lava Jato,
Costa atuava como operador do partido na Petrobras. Além de Meurer, o
procurador também denunciou os dois filhos dele, por intermediarem o recebimento
dos valores indevidos.
Na denúncia apresentada ao STF, Janot informou que a
legenda recebeu R$ 62 milhões do esquema, que consistia em repasses por
empresas fictícias operadas pelo doleiro Alberto Youssef. Conforme a acusação,
o deputado Nelson Meurer recebeu, entre 2006 e 2014, R$ 29 milhões do total
recebido pelo PP. Meurer faz parte da cúpula do partido.
O procurador afirmou que os valores foram pagos por meio
de entregas pessoais de dinheiro ao deputado ou a dois filhos dele,
Cristiano e Nelson Meurer Júnior. Também houve recebimento de valores no Posto
da Torre, posto de gasolina localizado em Brasília e que originou a Operação
Lava Jato, e depósitos em dinheiro nas contas bancárias pessoais do deputado.
Para o procurador-geral, além de receber diretamente a propina,
Nelson Meurer agiu para ocultar os valores recebidos.
“Para a pratica das condutas delitivas aqui delineadas, o
deputado federal Nelson Meurer contou com o contributo livre, consciente e
voluntario de seus filhos, Nelson Meurer Júnior e Cristiano Augusto Meurer, os
quais, plenamente cientes de todo o esquema criminoso integrado por seu
genitor, versado nesta denúncia, o auxiliaram no recebimento de parte das
propinas pagas ao parlamentar, mediante estratégias de ocultação e dissimulação
da natureza”, acrescentou Janot.
Além dos valores indevidos, o procurador citou a entrega
de R$ 4 milhões durante a campanha eleitoral de 2010, por meio de sete entregas
pessoais, que ocorreram a mando do doleiro Alberto Youssef, e mais R$ 500 mil,
repassados pela empreiteira Queiroz Galvão, por meio de doações oficiais de
campanha.
O procurador pediu ainda que Meurer e seus filhos devolvam
aos cofres públicos R$ 357,9 milhões e a decretação da cassação do mandato,
após o trânsito em julgado da ação.
Em nota, o PP declarou que não admite práticas de atos
ilícitos e que confia na Justiça, de modo que os fatos sejam esclarecidos.