Quinta,
10 de dezembro de 2015
Isabela Vieira - Repórter da Agência Brasil
A Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) revogou
hoje (10) o título honorário concedido a Emilio Garrastazu Médici, no período
em que foi presidente do Brasil (1969-1974), durante a ditadura militar. A
decisão foi aprovada pelo Conselho Universitário na data em que se comemora o
Dia Internacional da Declaração dos Direitos Humanos.
A revogação do título contou com apoio dos estudantes, que
fizeram um ato, pintando suas roupas e rostos de vermelho e preto, para lembrar
os assassinatos e desaparecimentos de pessoas ligadas à universidade. Entre
eles, está o do estudante de enegenharia Mário Prata, que dá nome ao Diretório
Central do Estudantes; de Stuart Angel, da faculdade de economia, e do
professor Lincoln Bicalho Roque, do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais
da universidade.
Segundo a relatora do processo na Comissão de Memória e
Verdade na UFRJ, a professora Lilia Pougy, pelo menos 26 alunos ou professores
morreram ou desapareceram somente sob a gestão de Médici.
"Nesta lista comparecem 20 homens e seis mulheres de
variadas unidades acadêmicas e centros universitários de diferentes áreas que
perderam a vida em razão do seu engajamento político na transformação da
sociedade", afirmou Lilia. "[Eles] ousaram defender a democracia, a
cidadania reagindo contra o árbitro do governo militar", completou.
Médici havia recebido o título honorário da UFRJ em 1972,
quando ainda era presidente da República. No mesmo período, um ginásio da
faculdade de educação física, sob a gestão da nadadora Maria Lenk, foi batizado
com o nome do general. A homenagem também foi retirada esta semana.