Sexta, 8 de setembro de 2017
Do MPF
Medidas cautelares incluem busca e apreensão e foram cumpridas na manhã desta sexta-feira (8), em Salvador
O ex-ministro Geddel Vieira Lima foi preso de forma preventiva
na manhã desta sexta-feira (8), em cumprimento a ordem judicial
concedida no âmbito da força-tarefa Greenfield. Também foi detido
Gustavo Pedreira Couto Ferraz, apontado como uma pessoa próxima a Geddel
e cujas digitais foram identificadas na superfície dos sacos plásticos
que envolviam as cédulas de dinheiro apreendidas na Operação Tesouro
Perdido. A operação foi deflagrada na última terça-feira (5) e, na
oportunidade, foram apreendidos R$ 42,6 milhões e US$ 2,6 milhões em
caixas e malas que estavam em um apartamento que, de acordo com as
investigações preliminares, havia sido emprestado a Geddel. Além das
prisões, nesta sexta-feira, foram cumpridos três mandados de busca e
apreensão em endereços ligados ao político, um deles é a residência da
mãe do ex-ministro.
O pedido para a execução das medidas cautelares foi apresentado à
Justiça pelo Ministério Público Federal (MPF) e Polícia Federal (PF) na
quarta-feira (6) e tem como propósitos preservar a ordem pública e
impedir a destruição de provas, bem como a prática de novos crimes.
Investigado desde o ano passado na Operação Cui Bono, que apura desvios
de recursos em vice-presidências da Caixa Econômica Federal (CEF),
Geddel estava em prisão domiciliar desde o mês de julho, após decisão do
Tribunal Regional Federal da 1ª Região. Entre 2011 e 2013 o político
baiano ocupou a Vice-presidência de Pessoa Jurídica da CEF.
A autorização para as prisões e demais medidas foi emitida pelo juiz
federal Vallisney de Souza Oliveira, da 10ª Vara, em Brasília. O
objetivo dos investigadores é recolher novas provas da prática de crimes
como corrupção passiva, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Na
petição enviada à Justiça, o MPF cita provas de que o político era o
responsável pelo dinheiro apreendido há três dias. Exames periciais
confirmaram as digitais do político nas cédulas encontradas. Além disso,
duas testemunhas - uma delas o dono do imóvel - confirmaram à polícia
que Geddel usava o apartamento emprestado, a pretexto de guardar
pertences do pai que morreu no ano passado.
Outro ponto mencionado na petição é o fato de que a descoberta do
dinheiro na Operação Tesouro Perdido reforça informações dadas em
depoimento pelo doleiro Lúcio Funaro e pelo empresário Joesley Batista.
Os dois afirmaram que, assim como Eduardo Cunha, ex-presidente da Câmara
dos Deputados, Geddel Vieira solicitava vantagens indevidas de empresas
que buscavam empréstimos junto à CEF. Disseram ainda que a propina era
paga por meio das empresas de Lúcio Funaro, inclusive, em espécie. O
próprio Funaro relatou pagamentos da ordem de R$ 20 milhões.
Prisão preventiva - Ao defender a necessidade de que
Geddel fique preso de forma preventiva, e não mais em regime
domiciliar, o MPF reitera que se trata de um “criminoso habitual”, que
continua praticando crimes, já que lavagem (ocultação) de dinheiro é
delito permanente, e que, em casa, mesmo detido, ele poderia – como
efetivamente o fez – manter contatos com outros envolvidos nos crimes.
Frisa ainda que, o primeiro pedido – analisado no início de julho pela
Justiça Federal – teve como fundamento a constatação de que ele tentava
obstruir as investigações. Na época, o objetivo de Geddel era evitar que
o doleiro Lúcio Funaro firmasse acordo de colaboração com o MPF. Pelo
fato, o ex-ministro já foi denunciado em ação penal, em tramitação na
10ª Vara Federal, em Brasília.