Domingo, 10 de setembro de 2017
O empresário Joesley Batista e o ex-executivo da J&F Ricardo
Saud se entregam por volta das 14h15 à Polícia Federal (PF), em São
Paulo. A informação foi confirmada pela assessoria da companhia. A
prisão temporária foi autorizada pelo ministro do Supremo Tribunal
Federal (STF) Edson Fachin a pedido do procurador-geral da República,
Rodrigo Janot.
O pedido de prisão foi feito depois de Janot
concluir que os colaboradores esconderam do Ministério Público fatos
criminosos que deveriam ter sido contados nos depoimentos. A conclusão
de que os delatores omitiram informações passou a ser investigada pela
PGR a partir de gravações entregues pelos próprios delatores como
complemento do acordo.
A PGR também pediu a prisão do
ex-procurador da República Marcelo Miller, mas Fachin disse que não há
elemento indiciário com a consistência necessária à decretação da prisão
temporária.
Fachin havia determinado que o cumprimento dos
mandados ocorressem com a “máxima discrição e com a menor
ostensividade”, evitando o uso de algemas, pois não se trata de pessoas
perigosas. “Deverá a autoridade policial responsável pelo cumprimento
das medidas tomar as cautelas apropriadas, especialmente para preservar a
imagem dos presos, evitando qualquer exposição pública”, diz a decisão.
No
sábado (9), a defesa do grupo J&F colocou à disposição os
passaportes do empresário Joesley Batista e do ex-diretor de Relações
Institucionais da holding Ricardo Saud. A defesa do ex-procurador
Marcelo Miller também colocou os documentos dele à disposição.
Defesa
A
defesa do empresário Joesley Batista e do ex-executivo do grupo J&F
Ricardo Saud contestou, por meio de nota, que eles tenham mentido ou
omitido informações no processo que levou ao acordo de delação premiada.
“Em
todos os processos de colaboração, os colaboradores entregam os anexos e
as provas à Procuradoria [Geral da República] e depois são chamados a
depor. Nesse caso, Joesley Batista e Ricardo Saud ainda não foram
ouvidos”, diz a nota.
A defesa relembra que, no dia 31 de agosto,
cumprindo o prazo do acordo, foi entregue à PGR, além dos áudios,
anexos complementares para compor a delação. Os advogados apontam ainda
que eles aguardam para serem ouvidos.
“O empresário e o executivo
enfatizam a robustez de sua colaboração e seguem, com interesse total e
absoluto, dispostos a contribuir com a Justiça”, afirma a defesa.
Advogado
O
advogado de Joesley e Saud, Antônio Carlos de Almeida Castro, conhecido
como Kakay, divulgou uma nota afirmando que os delatores cumpriram
rigorosamente tudo o que lhes era imposto ao assinarem o acordo de
delação premiada.
“Não pode o Dr. Janot [Rodrigo Janot,
procurador-geral da República] agir com falta de lealdade e, insinuar
que o acordo de delação foi descumprido. Os clientes prestaram
declarações e se colocaram sempre à disposição da Justiça. Este é mais
um elemento forte que levara a descrença e a falta de credibilidade do
instituto da delação”, disse o advogado, em defesa da revisão do uso do
instituto de delação premiada.