Quinta, 10 de setembro de 2020
Ênfase ao agronegócio e descaso com segurança alimentar ajudam a explicar aumentos de produtos
Vitor Nuzzi — Rede Brasil Atual
10 de Setembro de 2020
Área de plantação do arroz encolheu, mas exportações dispararam - Reprodução/RBA
O aumento do preço do arroz e de outros alimentos básicos voltou às manchetes. Mais que os vaivéns da inflação, a política – ou a falta de política – ajuda a explicar algumas situações. Algumas altas podem ser atribuídas, também, a fatores como a ênfase dada ao agronegócio e o descaso com a segurança alimentar. O que se viu desde o início do atual governo: um dos primeiros atos foi extinguir o Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea).
No caso do arroz, o aumento acumulado neste ano, até agosto, é de 19,17%, segundo o INPC-IBGE – que, por sua vez, soma 1,16%. Segundo o Dieese, que faz acompanhamento em 17 capitais, o preço médio do arroz agulhinha teve alta em 15 capitais no mês passado. De acordo com o instituto, essa elevação “se deve à retração dos produtores, que aguardam melhores preços para comercializar o cereal e efetivam apenas vendas pontuais”.
Pauta de exportação
Um dos produtos mais básicos na mesa do brasileiro, o arroz parece estar mais presente na pauta dos exportadores do que na produção local. Enquanto o vice-presidente Hamilton Mourão oferece como “explicação” um aumento da demanda causado pelo auxílio emergencial, a realidade mostra que tem sido mais negócio vender para outros países.
Apenas em agosto, as vendas ao exterior cresceram 93% sobre igual período do ano passado. E já se fala em recorde neste 2020, segundo a Cogo, consultoria especializada em agronegócio.