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(Millôr Fernandes)

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Lobby tenta impor tecnologia atrasada de ônibus sobre trens, metrôs e VLTs.

Quarta, 23 de maio de 2012
Do Blog "Brasília por Chico Sant'Anna"

Quem conhece as técnicas de agendamento da mídia percebe a existência de um lobby organizado. Um lobby em defesa da tecnologia do ônibus, movido a diesel e com todos os problemas ambientais que carrega face às alternativas com maior capacidade de transporte e menor agressão ambiental
 Por Chico Sant’Anna

Ônibus não possuem a mesma capacidade de transporte de trens,metrôs e VLTs. Foto: Chico Sant’Anna
Uma grande pressão, via opinião pública, está sendo implementada para acelerar a execução de obras estruturais de grande porte no Distrito Federal. Trata-se da construção de cinco eixos de vias expressas provenientes de diversos pontos do Distrito Federal, mas convergindo todos ao Plano Piloto.

A Confederação Nacional dos Transportes Terrestres, CNTT publicou em sua newsletter uma reportagem especial apontando que o caos tomará conta do trânsito da Capital Federal até 2020. Segundo o texto com feição de reportagem, mas elaborado pela assessoria de imprensa da entidade representativa dos interesses dos donos das empresas de ônibus de transporte coletivo -, a mobilidade urbana no Distrito Federal está à beira de um colapso, requer investimentos.

Simultaneamente, como se fosse uma estratégia de comunicação corporativa planejada, a empresa de assessoria de imprensa Ex-Libris Comunicação Integrada divulgou nota a toda imprensa, com o título “BRT é unanimidade entre especialistas em transportes”. BRT é a abreviação, em inglês, para Bus Rapid Transit. Tratam-se dos ônibus articulados, semelhantes aos utilizados há décadas em Curitiba. No texto, datado de 14/5, citando especialistas, a Ex-libris afirma que “o BRT é uma tendência mundial”.

Reportagem com conteúdo bastante similar foi publicada pelo jornal Correio Braziliense, no domingo, 20/5. A previsão do periódico é que em oito anos, as principais vias do DF tenham trânsito semelhante ao das marginais do Tietê, cujas imagens estamos acostumados a ver nos noticiários da TV.

Quem conhece as técnicas de agendamento da mídia percebe com clareza a existência de um lobby organizado. Um lobby que defende a tecnologia do ônibus, movido a diesel e todos os problemas ambientais que ele pode trazer diante de alternativas com maior capacidade de transporte e menor agressão ambiental, tais como o metrô, trem suburbano e o veículo leve sobre trilhos – VLT.