Quarta, 22 de junho de 2011
Da Radioagência NP
O sindicato que representa os trabalhadores da
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) convocou, nesta
quarta-feira (22), greve geral da categoria a partir do próximo dia 28.
De acordo com o Sindicato Nacional dos Trabalhadores de Pesquisa e
Desenvolvimento Agropecuário (SINPAF), a mobilização já ganha ampla
adesão em todo o país.
Após receber dos trabalhadores uma contraproposta com número de
cláusulas e valores das reivindicações econômicas reduzido, os gestores
da empresa não permitiram nenhum avanço na negociação.
Para negociar cláusulas de natureza financeira, a Embrapa precisa de
autorização do Ministério do Planejamento, que tem negado qualquer ganho
real acima da inflação aos trabalhadores do setor público. Em
entrevista à Radioagência NP, Vicente Almeida,
presidente do SINPAF, revela que a Embrapa também não admite encaminhar
propostas como o fim de punições e demissões arbitrárias na empresa.
Radioagência NP: Vicente, o que motivou os trabalhadores da Embrapa a decretarem greve geral?
Vicente de Almeida: A deflagração da greve geral a
partir do dia 28 decorre da postura intransigente da Embrapa no avanço
das cláusulas econômicas e sociais que os trabalhadores têm apresentado
para ela.
Radioagência NP: Qual a postura da Embrapa em relação à contraproposta apresentada na segunda-feira pelo SINPAF à empresa?
VA: A postura da Embrapa foi decepcionante. Mostrou
sua fraqueza política e indisposição para lutar mais pelos direitos de
seus trabalhadores. Não temos nada além da inflação para reajuste das
cláusulas econômicas e não avançamos concretamente na formulação que o
SINPAF fez de constituir uma mesa de negociação permanente onde
poderíamos reformular o Plano de Cargos e Salários dos trabalhadores da
Embrapa e colocar nesse espaço a discussão sobre isonomia salarial,
pagamento de Pecúnia, tabela salarial, dentre outros itens
importantíssimos para que possamos avançar nas relações de trabalho
dentro da empresa.
Radioagência NP: Como a empresa se posicionou em
relação às cláusulas que dependem apenas de postura política, como a que
impede punições e demissões arbitrárias?
VA: Entendemos que a Embrapa pode avançar
substancialmente nas cláusulas sociais, importantes para o avanço da
democracia interna na empresa, que se coloca intransigente no avanço da
discussão dos trabalhadores sobre os processos de gestão que afetam
diretamente a vida dos trabalhadores. É imperioso que a Embrapa se
coloque de forma aberta a esse debate.
Radioagência NP: Qual o panorama das mobilizações até este momento e quais são os próximos passos dos trabalhadores?
VA: Os trabalhadores têm atendido às convocações da
comissão nacional de negociação de forma impressionante. Temos adesões
de 100% em várias unidades da Embrapa e elas vêm aumentando a cada dia.
Imaginamos que isso reflete uma interlocução forte entre a diretoria
nacional do sindicato e os trabalhadores mobilizados na base. Temos
grandes chances de avançar na negociação. Esta não é uma luta apenas dos
trabalhadores de Embrapa. Temos pela frente uma luta marcada pelas
centrais sindicais para o avanço concreto das cláusulas sociais e
econômicas dos acordos coletivos de trabalho.
De Brasília, para a Radioagência NP, Maria Mello.
22/06/11