Domingo, 26 de junho de 2011
De Heloisa Helena:
"A população, em maioria, rapidamente se esquece da roubalheira
política, da indigência social, da miséria humana... se esquece dos que
estão nos Hospitais Públicos com feridas fétidas e mergulhados em fezes e
urina; das mulheres com terríveis cânceres de mama que mais parecem
couve-flor apodrecidos e que não conseguem leitos hospitalares nem para
mastectomias; dos flagelados das enchentes e das secas nas tendas de
calor, sujeira e promiscuidade; das famílias vulneráveis socialmente,
penduradas em barracos ou casebres nas encostas, sem conseguir vivenciar
a delicadeza do cheiro de terra molhada pois têm que sair correndo em
desespero antes que sejam arrastadas pelas águas... São muitos que se
esquecem das crianças cujas infâncias são roubadas para sempre quando
utilizadas como mão-de-obra escrava do narcotráfico; das trabalhadoras
de educação que ao vivenciar a angústia dos salários ridículos e a
violência no cotidiano de trabalho sequer conseguem exercitar a
delicadeza em ensinar as lições aos seus filhos; da precariedade extrema
das condições de trabalho na segurança pública, na saúde...no campo, na
cidade; ...dos filhos assassinados e chorados dia após dia feito o
maior dos lamentos das suas mães... Renatinho, Fernando, Alexystaine,
Fábio, Giovana, Maria, José... e tantos(as) muitos mais
assassinados(as) por serem pobres e pelas mais diversas formas de
intolerância, covardia e preconceito."
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