Sexta, 4 de abril de 2014 
Ipea desculpa-se por erro em resultado de pesquisa sobre violência contra mulher
Marcelo Brandão – Repórter da Agência Brasil 
Edição: Nádia Franco
O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) comunicou hoje (4) que houve erros na divulgação de resultados da pesquisa
 “Tolerância social à violência contra as mulheres”. Foram trocados os 
gráficos percentuais das perguntas “Mulher que é agredida e continua com
 o parceiro gosta de apanhar” e “Mulheres que usam roupas que mostram o 
corpo merecem ser atacadas”.
 
Com a correção, constatou-se que 
65,1% concordam total ou parcialmente que mulheres que são agredidas 
pelos parceiros, mas continuam com eles, “gostam de apanhar”. Por outro 
lado, 70% dos entrevistados discordam, total ou parcialmente, da 
afirmação de que mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem 
ser atacadas. Após a detecção do erro, o diretor de Estudos e Políticas 
Sociais do Ipea, Rafael Guerreiro Osorio, pediu exoneração.
 
“Vimos
 a público pedir desculpas e corrigir dois erros nos resultados de nossa
 pesquisa”, retratou-se a entidade, em nota. “Com a inversão de 
resultados entre as duas questões, relatamos equivocadamente, na semana 
passada, resultados extremos para a concordância com a segunda frase, 
que, justamente por seu valor inesperado, recebeu maior destaque nos 
meios de comunicação e motivou amplas manifestações e debates na 
sociedade ao longo dos últimos dias”.
 
A pesquisa tinha revelado 
anteriormente que 65,1% concordavam que mulheres que usam roupas curtas 
mereciam ser atacadas. O resultado gerou protestos em rede sociais e 
reverberou na imprensa. Homens e mulheres se posicionaram contra o 
suposto machismo revelado nas respostas. A frase “Eu não mereço ser 
estuprada” foi amplamente reproduzida na última semana.
 
A 
jornalista Nana Queiroz, criadora da frase, chegou a ser ameaçada após o
 início dos protestos. “Amanheci de uma noite conturbada. Acreditei na 
pesquisa do Ipea e experimentei na pele sua fúria. Homens me escreveram 
ameaçando me estuprar se me encontrassem na rua, mulheres escreveram 
desejando que eu fosse estuprada”, relatou Nana, em sua página em uma 
rede social. A presidenta Dilma Rousseff chegou a manifestar apoio à campanha e à jornalista.
 
 
 
