Da Tribuna da Imprensa
IGOR MENDES -
Ocorreu nesta quarta-feira, 05/08, mais um capítulo do processo fascista contra os 23 ativistas políticos do Rio, no caso, especificamente, o depoimento das duas companheiras que mantiveram-se de dezembro a junho último na clandestinidade: Moa e Elisa (Sininho). Como era esperado, os abutres da imprensa monopolista estiveram a postos, prontos para usar qualquer frase das ativistas para “apimentar” a imagem de terroristas que tentaram nos impor.
A postura altiva das companheiras, entretanto, sobretudo de Elisa, que defendeu-se com firmeza e serenidade em Juízo, frustrou esses objetivos obscuros. Deixo aqui registrada, aliás, minha saudação a essa posição corajosa, intransigente com o fascismo e os métodos de manipulação e perseguição política, usados à exaustão ao longo desse processo. Quem deve explicações ao povo são aqueles que valeram-se de provocações, grampos ilegais, deturpação de fatos e frases, ademais de prisões inconstitucionais, que violaram acintosamente os direitos fundamentais de expressão e manifestação, pelo menos em tese assegurados a todos os brasileiros. A sentença da história impor-se-á implacável, sem dúvida, sobre os que tentam calar as vozes das jornadas de junho e particularmente da nossa juventude.
José Dirceu é o retrato do PT
Quantas vezes José Dirceu orgulhou-se de ser o artífice do PT, principal articulador político da sigla, presidenciável, “primeiro ministro”, quantas vezes discursou, nos tempos da Casa Civil, usando o termo “o meu governo”.
Como dizem por aí, o mundo dá voltas.
Hoje, está preso na Lava Jato, podendo morrer na cadeia, enquanto o “seu” Partido o abandonou e o “seu” governo arrisca ir para o buraco, com Lula e tudo. Inimigo do povo brasileiro, expert nas práticas mafiosas para cooptar e descartar adversários dentro e fora da sigla, não seria a primeira vez que esse obscuro Zé Dirceu trilharia a senda da delação, de que é acusado por militantes que atuaram com ele nos tempos da luta armada na década de 1970.
O PT tentou no seu programa de TV o discurso óbvio: a “crise não é boa para ninguém”, e o naufrágio do governo Dilma seria o naufrágio da “democracia” e do próprio País. Falso: se é verdade que nenhuma das siglas ditas de oposição representam a insatisfação generalizada da população com a ordem existente, também é verdade que a ilusão de grandes parcelas dos trabalhadores e da “classe média” com o PT foi nas últimas décadas o grande empecilho para que transbordasse no Brasil um profundo e autêntico processo de mobilização popular, independente do peleguismo e do eleitoralismo. Derrubada essa ilusão, que tem na figura do Lula seu último refúgio, ainda assim crescentemente fragilizado, e perigando ser preso se Dirceu abrir a boca, terá o povo brasileiro um obstáculo a menos para a sua libertação.