Sexta, 9 de outubro de 2015
Empresário é investigado por criar esquema de fraude a execuções fiscais e lavagem de dinheiro
09/10/2015 09:26
Em atendimento a um pedido do Ministério Público Federal
(MPF), a Justiça determinou a prisão preventiva do empresário Wagner
Canhedo Filho. Principal gestor do grupo que atua nos setores de
hotelaria e de transportes no Distrito Federal, Canhedo Filho é
investigado pelos crimes de fraude à execução, falsidade ideológica,
lavagem de dinheiro e associação criminosa. O caso é apurado desde o ano
passado pelo Núcleo Criminal do MPF e pela Polícia Federal. Com a
prisão, os investigadores pretendem garantir o fim de práticas adotadas
com o propósito de impedir a execução de dívidas tributárias. A
estimativa da Procuradoria da Fazenda Nacional (PFN) é que as fraudes
cometidas pelo grupo empresarial tenham causado um prejuízo de R$ 875
milhões aos cofres públicos.
Em maio deste ano, outras medidas já
haviam sido aplicadas ao grupo empresarial. Na época, uma ordem judicial
determinou o cumprimento de vários mandados de busca e apreensão e
ainda o afastamento dos gestores do controle administrativo de empresas
do grupo. Naquele momento, a suspeita era a de que Canhedo Filho usava
empresas fantasmas, abertas em nomes de laranjas, para movimentar o
dinheiro arrecadado pelo complexo empresarial impedindo, dessa forma o
cumprimento de execuções fiscais. A apuração já identificou pelo menos
seis empresas que teriam sido usadas na prática.
Três meses mais
tarde, novas informações reunidas pelos investigadores revelaram que o
empresário mantém a prática. “Canhedo Filho migrou seu esquema para a
utilização de outras empresas até então não conhecidas e também não
atingidas pelos bloqueios judiciais no âmbito da Execução Fiscal, dentre
as quais seguramente a Cooperativa de Transportes Alternativos e
Autônomos do DF”, detalha um dos trechos do documento enviado à Justiça
com o pedido de prisão preventiva.
Como prova da triangulação
ilegal, o MPF cita que no dia 28 de agosto, por exemplo, o empresário
sacou mais de R$ 1,2 milhão de uma conta bancária em nome da Cooperativa
que, anteriormente, havia recebido depósitos vultosos da principal
empresa do grupo. No documento, o MPF relata ainda que a sede da
Coota-DF foi alterada “justamente para o mesmo endereço das empresas de
fachada utilizadas pelo grupo Canhedo em seu esquema fraudulento”. O
responsável pela cooperativa é Gilbson Luna Gadelha que já prestou
depoimento à polícia e confirmou as suspeitas.
Além da prisão,
cujo mandado já foi cumprido pela Polícia Federal, nesta sexta-feira
(9), também foi solicitado que o empresário seja proibido de deixar o
país. Os investigadores justificam que diante do “robusto” poder
econômico, o risco de fuga é inafastável, o que poderia colocar em risco
a aplicação da lei penal.