Do
STJ
O empresário Alberto Youssef confirmou que o ex-governador
do Rio de Janeiro Sérgio Cabral recebeu propina de empresas que atuavam na obra
do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj). Segundo o empresário, o
valor total pago foi de R$ 30 milhões para a campanha de Cabral à reeleição, em
2010.
“Eu não participei da negociação e de nenhuma reunião. O que
me foi repassado por Paulo Roberto Costa é que eu deixasse de cobrar o
consórcio Compar, porque esse dinheiro seria repassado a integrantes do governo
do Rio de Janeiro”, declarou Youssef ao juiz auxiliar Ricardo Coimbra, em
audiência realizada por videoconferência, nesta quinta-feira (10), no Superior
Tribunal de Justiça (STJ).
O juiz auxiliar citou depoimento de Paulo Roberto Costa,
ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, em que ele afirma que o dinheiro para
a campanha de Sérgio Cabral e Luiz Fernando Pezão veio de empresas que atuavam
na obra do complexo petroquímico. Segundo depoimento de Costa, as empreiteiras
OAS, Odebrecht e UTC – que formam o consórcio Compar – contribuíram com R$ 15
milhões. O restante foi feito por empresas como Skanska e Alusa.
O juiz destacou, ainda, que Costa afirmou que a
intermediação foi feita diretamente pelo ex-chefe da Casa Civil do Estado do
Rio de Janeiro Regis Fichtner, sem a participação de Alberto Youssef. “O
dinheiro saiu do próprio caixa das empresas”, explicou.
Valores ilícitos
O empresário Alberto Youssef disse que tinha contato com
todas as empresas, pois ele foi o responsável por captar, a partir de 2008, os
valores ilícitos com as empresas destinados ao Partido Progressista (PP).
Segundo Youssef, a cobrança acontecia logo após a assinatura
dos contratos. Entretanto, nesse caso específico, ele deixou de receber para os
partidos para que os valores fossem repassados diretamente para a campanha do
governo do Rio.
“Na verdade, o valor correto era de R$ 34 milhões, onde
Paulo Roberto Costa, negociando com Ricardo Pessoa, presidente da UTC, deu um
desconto de R$ 4 milhões. Dos R$ 30 milhões restantes, foi pedido para que R$
15 milhões fossem destinados à Odebrecht para que a empresa fizesse o repasse
para a campanha do Sérgio Cabral e do seu vice, Pezão”, afirmou. Acrescentou:
“Os outros R$ 15 milhões foram para o PP. Eu não fazia repasse para o PMDB”.
A audiência foi determinada pelo ministro do STJ Luis Felipe
Salomão. Ele é o relator do inquérito que apura se o ex-governador do Rio de
Janeiro Sérgio Cabral, o atual governador do estado, Luiz Fernando Pezão, e o
ex-chefe da Casa Civil Regis Fichtner receberam dinheiro desviado da Petrobras
para campanhas eleitorais no estado.