Terça, 15 de dezembro de 2015
Do Esquerda.Net
Num artigo publicado no seu
blogue, Paul Krguman escreve sobre Portugal e deixa um interrogação: se
em tempos de dificuldades um país sofre uma perda em larga escala no
número de trabalhadores, quem vai pagar a dívida e tratar dos
reformados?
14 de Dezembro, 2015
Para Krugman, a queda da população ativa em Portugal é uma realidade perocupante. Foto de Orlando Almeida-Global/Imagens
O prémio Nobel da Economia Paul Krugman escreveu no seu blogue no
The New York Times que a queda da população ativa em Portugal é um
indicador que lhe deixa a seguinte interrogação: se em tempos de
dificuldades um país sofre uma perda em larga escala no número de
trabalhadores, quem vai pagar a dívida e tratar dos reformados?
Para o economista norte-americano, a concretização desta espiral
depende do nível da dívida pública e da rigidez da despesa pública, além
da elasticidade da população ativa perante a carga fiscal.
Gráfico publicado no blogue de Paul Krugman no The New York Times
“ Portugal, com uma longa tradição de emigração pode ser mais
vulnerável do que outros países, mas não faço ideia se já está nessa
zona (de espiral demográfica)”, escreve neste artigo publicado no
sábado.
Krugman refere ainda que as uniões monetárias deveriam servir para
mitigar estes problemas de fortes fluxos de emigração em países que
estão em dificuldades. Mas não deixa de alertar que com uma taxa de
câmbio flexível, os choques adversos causariam desvalorização na moeda e
consequentemente nos salários.
Sem esta ferramenta de desvalorização cambial, os choques adversos
causam desemprego por um longo período, até que o processo de
desvalorização interna restaure a competitividade da economia.
Neste contexto, o Nobel da Economia considera que os níveis de
emigração em Portugal são mais elevados devido à integração na zona euro
uma vez que “a emigração é muito mais sensível ao desemprego do que os
salários”.
Num país com níveis altos de desemprego a emigração não tem efeitos
na receita fiscal porque grande parte das pessoas que emigra não tem
trabalho e por isso não paga impostos, refere Paul Krugman que não e
deixa no entanto de sublinhar os efeitos de longo prazo causados por
taxas de emigração muito elevadas.
Refira-se que Krugman, que se encontra em Lisboa para participar numa
homenagem ao economista Silva Lopes, é um dois maiores críticos da
criação da zona euro e da políticas de austeridade impostas pela União
Europeia sobretudo em países como Portugal.
o país tem hoje menos 6,8 milhões de pessoas entre os 15 e os 64 anos, contra mais de 7 milhões em 2011Através de um gráfico que mostra que o país tem hoje menos 6,8 milhões de pessoas entre os 15 e os 64 anos, contra mais de 7 milhões em 2011, Paul Krugman deixa o exemplo de como se pode entrar numa "espiral de morte demográfica", ou seja, se um país regista um elevado endividamento e vir a sua força de trabalho cair devido à emigração, terá de aumentar os impostos dos que permanecem no país para conseguir suportar o serviço da dívida. Esta facto poderá assim levar a que mais pessoa saiam do pais originado, desta forma, um ciclo viciosos de mais emigração e mais impostos.