Terça, 15 de dezembro de 2015
Siro Darlan, desembargador do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro e membro da Associação Juízes para a Democracia.

A execução da pena no Rio de Janeiro é concentrada
em um único juízo que já mereceu reprimenda do CNJ e de vários ministros
da Suprema Corte. No HC 128.763 STF, o Ministro Gilmar Mendes, assim
definiu esse caos: “Há na VEP/RJ excessiva demora em analisar os
direitos possivelmente concedidos por lei aos apenados. A tramitação de
remessa à Defensoria Pública, retorno do Ministério Público, cumprimento
de diligências requeridas, novo retorno ao Ministério Público, eventual
novo retorno à Defensoria e, finalmente, conclusão ao juiz para a
decisão faz com que haja o transcurso de vários e vários meses entre o
atingimento do lapso (requisito objetivo para o benefício) e sua efetiva
concessão”.

Também o relatório do CNJ de 2011 apontou diversas recomendações,
dentre elas a instalação de pelo menos duas novas varas de execuções.
Até o momento, não foram instaladas novas serventias. Aparentemente, os
problemas não foram resolvidos de outra forma. O Jornal O Globo, de
10.8.2014, noticia que cinco juízes lotados na Vara de Execuções
supervisionam trinta e dois estabelecimentos prisionais e têm acervo de
110.000 (cento e dez mil) processos sob sua responsabilidade.
A Defensoria Pública ingressou com cinco mil pedidos de concessão de
benefícios e o titular do juízo contesta que a Vara não tem atraso e que
não pretende colocar presos perigosos na rua. A primeira afirmação
contrasta com a afirmação feita pelos relatórios do CNJ e dos ministros
do Supremo Tribunal Federal e a segunda é produto de uma formação
preconceituosa que desacredita todo sistema penitenciário cuja função
principal e tornar os criminosos cidadãos sem periculosidade. Ora, se há
laudo técnico atestando essa ausência de periculosidade, da sua uma ou
os laudos são inócuos e seus profissionais incapazes ou de nada valem
para atestar as condições dos apenados.
Em resposta a essa reação o ilustre Relator Ministro Gilmar Mendes
encaminhou novo oficio ao Conselho Nacional de Justiça e ao Presidente
do Tribunal de Justiça para que avaliem e tomem providências quanto à
execução penal no Estado do Rio de Janeiro. A Defensoria Pública fez a
sua parte.
Fonte: Blog do Siro Darlan