Sexta, 18 de dezembro de 2015
Paulo Victor Chagas e Mariana Branco - Repórteres da Agência Brasil
A presidenta Dilma Rousseff decidiu tirar Joaquim Levy do
Ministério da Fazenda e substituí-lo pelo atual ministro do
Planejamento, Nelson Barbosa. Para o lugar de Barbosa, Dilma nomeou o
ministro da Controladoria Geral da União (CGU), Valdir Simão.
A
troca no comando da equipe econômica foi anunciada há pouco pelo Palácio
do Planalto, por meio de nota à imprensa, e ocorre após uma semana
conturbada no Congresso Nacional, onde esteve em votação a Lei de
Diretrizes Orçamentárias (LDO), o Plano Pluriananual (PPA) e o Orçamento
de 2016.
Aprovada ontem (17) pelo Congresso Nacional, a LDO
trouxe como novidade, em relação ao texto aprovado pela Comissão Mista
de Orçamento (CMO) em novembro, a redução da meta do superávit primário
do governo federal de 0,7% para 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB), sem
deduções (R$ 24 bilhões). A mudança foi apresentada pelo relator da
proposta, o deputado Ricardo Teobaldo (PTB-PE), depois de negociações
com o governo, com o objetivo impedir o corte de R$ 10 bilhões do
programa Bolsa Família.
Levy sempre defendeu que a meta fiscal
ficasse em 0,7%, tendo, inclusive, feito um apelo aos líderes
partidários, na última segunda-feira (14), para que trabalhassem pela
aprovação de três medidas provisórias que aumentariam receitas,
evitando, assim, o corte do Bolsa Família e de outros programas sociais,
proposto anteriormente pelo relator do Orçamento, deputado Ricardo
Barros (PP-PR). Na ocasião, Levy também reafirmou o compromisso do
governo com a meta de esforço fiscal em 0,7% do PIB (PIB).
A
demissão de Levy vem ao encontro da demanda de vários movimentos
sociais, que criticavam a condução do ajuste em prejuízo a direitos dos
trabalhadores. Por diversas vezes, especulou-se que o próprio Joaquim
Levy pudesse pedir demissão, já que algumas de suas opiniões, no sentido
de aumentar o rigor do ajuste fiscal, eram contestadas pela própria
presidenta Dilma. Levy, que ocupou o cargo por menos de
um ano, foi o responsável pela execução de medidas de ajuste fiscal do
governo praticadas nos últimos meses, algumas das quais ainda não foram
aprovadas pelo Congresso Nacional.
Perfil
Ex-secretário
executivo do Ministério da Fazenda, Barbosa deixou o cargo ao lado do
então ministro, Guido Mantega, em 2013. Durante a participação no
primeiro governo da presidenta Dilma Rousseff, elaborou estudos de
medidas de desoneração para estimular a economia e formulou uma
minirreforma tributária para acabar com a guerra fiscal entre os
estados.
No início deste ano, substituiu a então ministra Miriam
Belchior como titular do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão.
Antes, havia participado da equipe econômica do governo do
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em outros ocasiões. Em 2003,
integrou a equipe de Guido Mantega no Planejamento. De 2004 a 2006,
trabalhou no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
(BNDES), também junto com Mantega.
Barbosa também esteve à frente
da Secretaria de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda, em
2007 e 2008, e da Secretaria de Política Econômica, de 2008 a 2010. Ele é
professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e doutor em
economia pela New School for Social Research, nos Estados Unidos.
=======
Leia também: Valdir Simão é o novo ministro do Planejamento
=======
Leia também: Valdir Simão é o novo ministro do Planejamento