Segunda, 13 de junho de 2011
Por Heloísa Helena
Se
nas grandes descobertas científicas não está permanentemente garantido
um espaço neutro, limpo, ético... imagine na política! Se no mundo da
ciência renomados cientistas largaram tubos de ensaio, conhecimento
técnico e aprimoradas metodologias de cálculos para se envolverem em
contendas violentas e antiéticas... imagine no mundo da política onde a
maioria dos seus integrantes deveria ser classificada como uma gentalha
caráter-de-rato cujos principais atributos se relacionam a vigarice,
cinismo, traição, incompetência, irresponsabilidade, insensibilidade.
Repito
sempre que a política – tal como é vivenciada nos espaços de poder – é o
melhor dos mundos para aqueles (as) que nela se instalam na perspectiva
de cometer todas as formas hediondas ou não de crimes contra o
interesse público... Das orgias sexuais com dinheiro público roubado e
compra de virgindade de crianças aos Crimes e Delitos contra a
Administração Pública como tráfico de influência, intermediação de
interesse privado, exploração de prestígio, peculato, prevaricação,
condescendência criminosa, formação de quadrilha, corrupção ativa e
passiva... enfim o que dita o Código Penal que o cometimento desses leva
à cadeia. Mas como vivemos em terra-sem-lei - justamente para acobertar
os políticos bandidos ricos e poderosos - o arcabouço jurídico se torna
um medíocre amontoado de letras mortas e vazias também pela ação ou
omissão de mãos sujas de muitos na justiça, nos operadores do direito,
nos empresários, nos eleitores, na sociedade em geral. Embora devamos
ressaltar também que vivemos em tempos de leis implacáveis aos pobres -
que se roubarem uma lata de leite vivenciará a triste condenação sem
julgamento no chão imundo dos presídios e submetidos a todas as formas
abomináveis de humilhação.
Uma
breve citação: Nessas últimas semanas os fatos relacionados ao
Ex-Ministro Palocci - amplamente divulgadas nos meios de comunicação e
debatidos no Congresso Nacional desde 2006 - ocuparam exaustivamente os
espaços domésticos ou públicos. Estranho até... Todos sabiam! Novidade
não há! Ora, desde a condição de poderoso Ministro da Fazenda do Governo
Lula até a Coordenação da Campanha Dilma e Ministro da mesma - exceto
os motivados pela inocência ou ignorância - a maioria sabia o que fazia
quando financiou (de olho na promiscuidade e safadeza!) ou votou...
inclusive militantes e lideranças políticas de todos os partidos que
votaram no atual Governo Federal até com a vergonhosa desculpa do “mal
menor”!
É
fato inconteste, que só enriquece na política quem é ladrão! Não há
possibilidade – diante de tantas restrições legais – que um político
consiga acumular fortunas e patrocinar o enriquecimento de suas
famílias, gangues e corjas sem percorrer os caminhos da roubalheira dos
cofres públicos. São tantas as proibições na legislação em vigor que
qualquer análise honesta intelectualmente demonstra a impossibilidade,
do ponto de vista fiscal, financeiro e tributário, de acumulação de
riqueza – seja nos paraísos fiscais seja na ostentação vulgar da
roubalheira.
Alguns
cínicos – políticos ladrões e vadios bajuladores - mentem tanto que não
há óleo de peroba suficiente para lustrar tanta cara-de-pau! Fico
sinceramente impressionada com a tranquila cara-de-paisagem desses
ladrões poderosos e eleitoralmente vitoriosos! Se brincarmos... daqui a
pouco dirão que são Excelências Delinquentes e continuam roubando
descaradamente - e não aprendem nem quando vivenciam experiências
negativas publicamente - por um defeito com um gene (receptor de
dopamina D2... lembram os estudos de neurociência?)... Eita! Haja
paciência pra não infartar!
Exatamente
por tudo isso que ser honesto, responsável, estudioso, sensível e
comprometido na militância política é tarefa árdua, penosa e muito
sofrida... É tarefa incompreendida socialmente e desvalorizada
politicamente! Assim sendo, nunca deveremos – nós honestos – esperar
reconhecimento público e glórias... devemos mesmo é participar de todas
as Lutas e tentar semear incansavelmente a Ética e a Justiça Social
mesmo em solo árido de frágeis Esperanças! Afinal, mesmo que nos
sintamos em muitos tristes momentos como um pequeno barquinho diante de
imensa tempestade em alto-mar... devemos dizer, como diz o poeta “Ai de
mim...Ai de ti, ó velho mar profundo... Eu venho sempre à tona de todos
os naufrágios!”... E a vida continua... E a Vida é Bela mesmo quando
aparecem uns canalhas nela!
Heloísa Helena é vereadora do PSOL em Maceió.
Twitter: @_heloisa_helena