Domingo, 17 de fevereiro de 2013
Carlos Newton
Reportagem de Márcio Falcão e Erich Decat, na Folha, revela que, em
sua primeira manifestação no lançamento do novo partido, a ex-senadora
Marina Silva disse que a legenda não será de oposição nem de situação.
Assinalou que a ideia de criar o partido não é apenas para se colocar em
uma eleição, criticou o “caciquismo” na política e disse que a Rede,
como é chamadoa a legenda, deve se colocar para quebrar a “lógica de
partidos a serviço de pessoas”.
Foi um discurso meio complicado, que o jornalista Elio Gaspari
certamente atribuiria a uma de suas personagens mais satíricas, a Madame
Natascha. “O que está acontecendo aqui é um partido para questionar a
si próprio, e tem que ser assim. Não pode ser partido para eleição. Não é
o principal. Estamos em uma nova visão de mundo, de sujeito político
que não é mais espectador da política, esse sujeito é protagonista”,
afirmou a ex-senadora.
Cada vez ficava mais difícil de entender. Marina Silva então disse
que a nova legenda está questionando a “incapacidade da política de
interferir”. E foi adiante: “Não tem conformação com o modelo anterior. É
o questionamento das estruturas verticalizadas. Saímos de um ativismo
dirigido pelo sindicato, pela ONG, pelo DCE, com a modernização do
ativismo autoral. Você não tem estrutura na frente ou atrás das pessoas,
você tem estruturas ao lado”, salientou. “Não tem liderança carismática
que possa ser o grande líder, o messias, o condutor do grande grupo”,
completou.
Sem anunciar o nome da nova legenda, Marina disse que a ideia é fazer
alianças pontuais, mas sem se rotular como governo ou oposição. “Não é
mais liderança única, é liderança multicêntrica, não é movimento de arco
e flecha. Uma hora sou arco e outra sou flecha, só espero não ser o
alvo.”
Caramba! A ex-ministra e ex-senadora falou, falou, falou, mas não
disse nada. E fez um verdadeiro contorcionismo político, para ficar bem
com todo mundo, poupando particularmente o PT e o PV, seus antigos
partidos. Mas se a tal Rede é apenas mais uma legenda para ficar em
cima do muro, não seria melhor fazer logo uma coalizão com o PSD de
Kassab, euq é especialista em morder e assoprar fisiologicamente,
digamos assim.
O discurso de Marina Silva, com toda certeza, necessitava de tradução
simultânea. Ficou parecendo aquelas interpretações geniais de Rogério
Cardoso no papel de “Rolando Lero”.