Sábado, 12 de abril de 2014
Daniel Mazola
Tribuna da Imprensa Online
Na manhã de ontem, na cidade dos megaeventos, onde será realizada a “Copa das Copas”, o sonho de muitas famílias foi atropelado por um contingente de mil policiais militares.
Na manhã de ontem, na cidade dos megaeventos, onde será realizada a “Copa das Copas”, o sonho de muitas famílias foi atropelado por um contingente de mil policiais militares.
Os PMs chegaram ao local às 4h da madrugada para
cumprir a ordem de reintegração de posse a “mando” da Oi, e do Estado reacionário.
Foram registrados momentos de pânico dos moradores da ocupação, que não se
intimidaram e enfrentaram a repressão. Em inúmeros momentos, jornalistas e
midiativistas flagraram policiais disparando tiros de munição letal contra
moradores com pedras e paus.
Policiais do Bope com touca ninja por baixo do capacete, armados com fuzis; agentes do Batalhão de Ação com Cães; bombeiros e guarda municipal. Muitas viaturas estacionadas e outras fazendo o transporte dos agentes. Muitos disparos de bala de borracha, mas também, (irresponsavelmente) foi possível ouvir som de disparo de arma de fogo.
Policiais do Bope com touca ninja por baixo do capacete, armados com fuzis; agentes do Batalhão de Ação com Cães; bombeiros e guarda municipal. Muitas viaturas estacionadas e outras fazendo o transporte dos agentes. Muitos disparos de bala de borracha, mas também, (irresponsavelmente) foi possível ouvir som de disparo de arma de fogo.
Moradores da
ocupação relataram que mesmo enquanto passavam crianças, a repressão
continuava. Os sem teto gritavam: "criança passando, criança
passando", mas os agentes continuavam utilizando spray de pimenta muito
perto e bombas de efeito moral. Um morador que foi atingido por bala de
borracha foi para o hospital Salgado Filho e perdeu o olho.
Um menino de 9 anos
ficou ferido, também atingido por bala de borracha. Há diversos relatos de
moradores que havia muitas mulheres grávidas na ocupação e também crianças
recém nascidas. Seres humanos em pânico, covardia, truculência, crueldade,
irresponsabilidade, violência, terror. Parece que esse será o único legado da
Copa do Mundo no Brasil para o povão. “A rua agora é a nossa única casa!”, veja
o vídeo produzido pelo jornal A Nova Democracia: https://www.youtube.com/watch?v=-sZBTFlgQ2Y
“Copa das Copas’,
pra quem?
No
estado autoritário de direito “vivemos” o drama secular da exclusão e da falta
de políticas públicas de qualidade, em função disso, a partir dessa semana, as
manifestações em torno de um dos maiores megaeventos do planeta vão explodir com
mais intensidade por todo o Brasil.
Os
protestos contra a Copa do Mundo representam a luta pelos interesses do
povo e a defesa da dignidade humana, ferida por leis de exceção e pelo processo
covarde de construção da Copa do Mundo da FIFA. Mas segundo Dona Dilma
Rousseff: “Os brasileiros estão prontos para mostrar que sabem receber bem os
turistas e contribuir para que esta seja a Copa das Copas”.
Copa
das Copas pra quem? Para os turistas, as empreiteiras e a corrupção, para a
mídia corporativa (Globo e similares). Para o povão, certamente que NÃO!
ATO Pelo fim das UPPs! Pelo fim das Remoções. Sem Saúde, Educação, Transporte e Moradia, Não Vai Ter Copa! Será na próxima terça feira, 15 de abril, às 18h na Candelária. Em apoio às lutas e manifestações, transcrevo a seguir o chamado e as reivindicações da Frente Independente Popular - RJ. Vamos pra rua!
PELO FIM DAS UPPS! PELO FIM DAS REMOÇÕES!
O
futebol é o esporte das multidões; esporte das mais intensas paixões dos povos
ao redor do planeta. Não negamos a importância do futebol para o povo
brasileiro nem mesmo o papel do esporte e do lazer em uma sociedade.
Entretanto, a Copa do Mundo da FIFA não se resume a um evento esportivo.
O
grito ‘NÃO VAI TER COPA’ surgiu nas ruas, no levante popular de junho de 2013,
quando milhares de pessoas em diversas cidades do país lutaram por melhores
condições de vida e de trabalho. Gritar ‘NÃO VAI TER COPA’ é se posicionar
contra o total domínio do poder econômico e de seus interesses nas decisões
políticas, que devem ser determinadas pelo povo e voltadas única e
exclusivamente às suas reais necessidades. Não podemos fechar os olhos para os
crimes que estão sendo cometidos em nome da Copa do Mundo. Calar-se para o ‘NÃO
VAI TER COPA’ é trair o povo pobre, é trair a luta contra a desigualdade
social. É TRAIR as ruas!
Por
que gritamos NÃO VAI TER COPA?
REMOÇÕES
Em
nome da Copa do Mundo e das Olimpíadas, despejos ilegais e graves violações aos
direitos humanos foram e estão sendo cometidos. Comunidades inteiras foram e
estão sendo riscadas do mapa, acabando com a vida de milhares de pessoas.
As
remoções geram dor, tristeza, abandono e morte. Todo o processo é uma tortura.
Desde a pichação para marcar as casas (que lembram práticas nazistas) que serão
demolidas, a pressão covarde – com intimidação e ameaças – dos agentes públicos
da SMH (Secretaria Municipal de Habitação), até a retirada à força, muitas
vezes, com a polícia empunhando armas de fogo para as pessoas saírem de suas
próprias casas.
O
Estado Burguês brasileiro, conhecido como Estado Democrático de Direito, nega o
direito de toda a pessoa a um padrão de vida capaz de assegurar a si e a sua
família os serviços sociais indispensáveis à dignidade humana – saúde,
educação, limpeza urbana, transporte e HABITAÇÃO. O direito à moradia é
completamente negado pelo Estado Burguês.
A
Copa reproduz a exclusão social e racial. Aprofunda problemas sociais e ambientais
nunca solucionados.
Mais
de 250.000 famílias foram removidas e/ou vivem ameaçadas de remoção. Os gastos
para a Copa do Mundo no Brasil passam os incríveis R$ 30 Bilhões (até o
momento). Em comparação, as últimas três Copas do Mundo somadas chegam a R$ 25
bilhões.
ENORMES GASTOS PÚBLICOS E ELEFANTES BRANCOS
O
que são os Elefantes brancos? São obras extremamente caras, grandiosas e, no
entanto, TOTALMENTE INEFICIENTES. Na linguagem popular é o famoso “jogar
dinheiro no lixo”.
Os
estádios de Brasília, Cuiabá, Manaus e Natal não deverão sair por menos que
três bilhões de reais no total. A verba será financiada via BNDES e pelos
governos estaduais, que são composições de verbas públicas, portanto, o nosso
dinheiro.
O
estádio Mané Garrincha, em Brasília, por exemplo, tem capacidade máxima para 71
mil pessoas. A contradição salta aos olhos quando olhamos para o público do
primeiro jogo da final do campeonato brasiliense do ano passado: 1.956
pagantes. O mesmo cenário se repete nas outras três cidades mencionadas.
Em
Manaus, o absurdo é ainda maior! O Grupo de Monitoramento e Fiscalização do
Sistema Carcerário, ligado ao Tribunal de Justiça do Amazonas, levantou a
hipótese de transformar o recém-construído estádio em um ‘presídio’ temporário.
A
reforma do Maracanã custou quase dois bilhões de reais e apenas três jogos da
Copa do Mundo serão realizados no estádio. Gastou-se um valor maior do que
construir um novo! O novo estádio, agora “arena”, apagou a identidade histórica
do Maracanã. Torcedores e até jogadores da seleção espanhola e italiana tiveram
essa sensação ao entrar no novo estádio: “Cadê a geral?” “É muito europeu.”
“Igual aos outros estádios, perdeu a mística...”
OPRESSÃO DE GÊNERO E RAÇA
A
Copa do Mundo da FIFA reproduz as antigas práticas machistas e incentiva a
mercantilização do corpo.
Um
exemplo são as camisetas vendidas pela Adidas, uma das multinacionais que
patrocinam o megaevento. As camisetas estampam bundas de mulheres, e numa
alusão grosseira reforçam a opressão de gênero e, em especial, as cotidianas
agressões sexistas contra as brasileiras.
Somado
a isso está o racismo: a FIFA se cala sobre inúmeros casos de racismo nos
campeonatos europeus e pelo mundo; por ser negro, um casal foi recusado pela
FIFA, com respaldo do governo, de apresentar o sorteio dos grupos da Copa – com
o discurso de que o casal não se enquadra aos “padrões europeus”.
A
Copa só fará aquecer ainda mais as redes de aliciamento que se beneficiam do
mercado da exploração sexual. Na África do Sul, por exemplo, o número estimado
aumentou de 100 para 140 mil, durante o megaevento de 2010.
O
Brasil possui um dos maiores níveis de exploração sexual infanto-juvenil do
mundo. Há denúncias do aumento de exploração sexual, incluindo crianças e
adolescentes, nos arredores dos estádios e das grandes obras urbanas da Copa,
que revelou, por exemplo, que garotas de 11 a 14 anos estão se prostituindo na
região do Itaquerão, Zona Leste de São Paulo.
ELITIZAÇÃO = SEGREGAÇÃO NOS ESTÁDIOS
Os
novos estádios ou arenas, só ficam ao nível da aparência. Na prática, há um
trágico efeito colateral em curso: os custos das novas “arenas” (pagos com o
dinheiro público, sendo assim, nosso dinheiro) são embutidos no preço dos
ingressos, que ficam mais caros, gerando uma elitização do futebol. É o
resultado da privatização dos espaços públicos – empresas capitalistas que só
visam o próprio lucro passam a controlar espaços públicos.
Os
tradicionais torcedores, a classe trabalhadora, os mesmos que construíram os
estádios ou arenas, são excluídos de seus direitos, pois um trabalhador(a) não
tem como pagar um ingresso que chega a custar 50% (ou mais) do salário mínimo.
Uma
recente pesquisa apontou que no atual Campeonato Brasileiro os ingressos das
novas arenas estão em média 119% mais caros que os nos estádios antigos.
REPRESSÃO
Mais
preocupante que a campanha orquestrada para desqualificar os que criticam a
Copa do Mundo é o movimento orquestrado pelo Estado brasileiro para expandir o
aparato repressivo visando sufocar protestos durante o megaevento – e muito
provavelmente, depois.
Este
movimento tem atuado em duas frentes: uma legislativa e outra ostensiva
(policial e militar). Os projetos de lei que visam tipificar o crime de
terrorismo no Brasil criam subterfúgios jurídicos para que o Judiciário possa
enquadrar movimentos sociais e manifestantes como terroristas.
O
governo federal agora envia Tropas Federais ao Rio de Janeiro com o discurso de
conter o tráfico de drogas. O tráfico sempre existiu, nunca acabou. Por que
agora? É uma ação dos governos (federal, estadual e municipal) para justificar
a vinda das tropas federais, auxiliando na invasão das favelas, na instalação
ou reforço das UPPs, ampliando o domínio e repressão do Estado e aumentado o
lucro capitalista, já que a primeira ação do Estado é abrir as portas para que
empresas privadas consigam novos consumidores.
Em
um contexto de indignação e protestos, aumentam as forças repressivas para
sufocar, reprimir e controlar as lutas populares, especialmente as seguidas
revoltas que têm ocorrido nas favelas, locais de inúmeros focos de resistência.
Pois é nas favelas que cotidianamente o povo pobre e negro é perseguido,
torturado e assassinado.
O
que aconteceu em Manguinhos foi mais uma revolta popular! Pois cerca de cem
famílias ocuparam um galpão (vazio) atrás da biblioteca Parque de Manguinhos. A
polícia militar tentou retirar as famílias à força. Diante da resistência dos
moradores, os policiais atiraram bombas de gás e de efeito moral; a população
respondeu com uma chuva de pedras e garrafas. Em seguida, os policiais
começaram a atirar com armas de fogo. Várias pessoas ficaram feridas. Quatro
jovens foram baleados. Um está em estado grave. É a criminalização da pobreza e
dos movimentos sociais, das lutas e ocupações.
PROTESTOS
Diante
de tantas arbitrariedades, violações de direitos humanos, processos de total
exclusão social, apropriação do patrimônio público, desvio de verba pública,
entre outros vários crimes contra o povo, protestar contra a realização da Copa
da FIFA no Brasil não só é legítimo – é também um dever. Portanto, não se deixe
intimidar por discursos mentirosos e por um patriotismo cego e incoerente com
as necessidades do povo ou ainda por artigos escritos por jornalistas e
intelectuais cujo verdadeiro compromisso é com determinado partido político ou
com o próprio bolso.
A
atuação da polícia contra as manifestações se intensifica, fato que ficou claro
no protesto do último dia 25 de janeiro, quando o manifestante Fabrício Proteus
Chaves foi baleado à queima roupa (quase o levando a morte) por policiais
militares. Este covarde episódio que apenas representa a rotina nas favelas e
periferias do Brasil, nos coloca em alerta para futuras manifestações.
Nem
a violência policial nem o discurso mentiroso da desqualificação nos fará
parar. Somos parte do povo e lutamos pelo povo e com o povo. Nada impedirá de
desfrutarmos do direito constitucional de protestar, sobretudo contra uma Copa
do Mundo mergulhada em podridão e crimes – que inclusive levou à prisão e morte
pessoas que sofreram com as truculentas remoções ou pelo processo de “limpeza”
social.
Os
protestos contra a Copa do Mundo no Brasil representam a luta pelos interesses
do povo e a defesa da dignidade da pessoa humana, ferida por leis de exceção e
pelo processo covarde de construção desta Copa do Mundo da FIFA.
O ATO será na próxima terça feira, 15 de
abril, às 18h, Candelária - Pelo fim das UPPs!
Pelo fim das Remoções. Sem Saúde, Educação, Transporte e Moradia, Não
Vai Ter Copa!