Domingo, 14
de setembro de 2014
Jornal do Brasil
Por Mônica Francisco*
A questão, ou uma das principais questões, é que a
implementação ou a efetivação das ações que visam melhorar as áreas de
maior vulnerabilidade social, infraestrutura, cultural e econômicas da cidade e do estado, não aparecem
com a mesma veemência nos discursos dos que já ocupam as cadeiras e detém as
canetas e vai se replicando na maior parte dos discursos dos que desejam ocupar
estes mesmos postos.
O que nos parece é que a única saída é cada vez mais
policiamento e até no projeto UPP, essa equação não está mais fechando. Falar
de segurança pública é falar de um conjunto de ações, onde a questão social e
econômica estão também relacionadas.
O professor e pesquisador da Universidade do Estado do Rio
de Janeiro(UERJ), Luiz Eduardo Soares, afirma que segurança é uma questão de
Estado e deve estar acima das diferenças polícias, em seu livro "Segurança
tem saída", ele diz ainda que precismos de um pacto por uma reforma
institucional profunda. Ou haverá segurança para todos, ou ninguém estará seguro.
O livro é 2006 antes da instalação da primeira unidade no
Morro Santa Marta, como uma espécie de laboratório, do que seria uma versão
turbinada de antigas experiências implementadas em anos anteriores como por
exemplo o antigo Grupamento de Policiamento em Áreas Especiais(GPAE).
Não é nenhum problema turbinar antigas experiências ou
projetos, ver o que deu e o que não deu certo, tentar acertar mais e buscar
resultados que possibilitem ao conjunto da sociedade uma melhor qualidade de vida. Não se pode alijar ninguém,
nenhum cidadão ou cidadã do direito de ter segurança pública, e isso se dá
aliando a políticas sociais e diálogo com a sociedade, nunca será uma via de
mão única.
Mas estamos percebendo que todas as sinalizações feitas no
sentido de uma construção mais coletiva, mais aberta ao diálogo, lembrando
diálogo é entabulado em via de mão dupla (se fala e se ouve), se não há essa dinâmica,
já era, adeus a possibilidade de dar certo.
Não podemos ficar contando mortes de lado nenhum, só há um
lado, a vida.
Estamos vivendo um ambiente ruim, incômodo, soturno, não
muito bem definido, ou pode ser exatamente o contrário e nós simples mortais é
que não estamos entendendo.
Restam-nos três meses de relacionamento com 2014. Muita
coisa ainda pode mudar e vai. Espero que as urnas sejam um resultado de
mudança, embora os prognósticos não nos digam nada que reforce esse pensamento,
eu como boa cristã, tenho fé. Se não, continuamos cobrando cada vez mais uma
mudança neste sistema político e eleitoral vigente, em nossas instituições,
principalmente o judiciário, que acaba de nos brindar com um auxílio de mais de
sete mil reais para seus filhos estudarem, enfim, somo aviltados
cotidianamente, é hora de dar um basta.
"A nossa luta é todo dia. Favela é cidade. Não à
GENTRIFICAÇÃO e ao RACISMO, ao RACISMO INSTITUCIONAL, ao VOTO OBRIGATÓRIO e à
REMOÇÃO!"
*Membro da Rede de Instituições do
Borel, Coordenadora do Grupo Arteiras e Consultora na ONG
ASPLANDE.(Twitter/@MncaSFrancisco