Sábado, 20
de setembro de 2014
Da Tribuna
da Bahia
Acusado em reportagem da revista Veja de ser um dos
beneficiados por um esquema de desvio de recursos públicos destinados à construção
de casas populares
na Bahia, o candidato do PT ao governo do Estado, Rui Costa, considerou a
matéria "inescrupulosa e a serviço do velho coronelismo baiano".
Rui disse que tomará todas as medidas cabíveis e solicitou
severa investigação das autoridades competentes.
O candidato disse que ainda esta semana entrará na Justiça
com uma interpelação à autora das denúncias e à Revista Veja.
"Eu quero muito ser governador e no final do mandato
quero que meus filhos olhem nos meus olhos e me digam que se orgulham do pai
ter ocupado cargos públicos com máxima integridade e dignidade. Envolver meu
nome neste assunto faz parte de uma estratégia leviana e suja. Agora, eu quero
que provem o meu o envolvimento neste caso. É um desafio".
Para ele, "está clara a estratégia de usar uma revista
aliada para repercutir no horário eleitoral gratuito".
Rui disse que fatos como este só reforçam sua candidatura -
que entrou em linha de crescimento.
"É claro que ficamos decepcionados com velhos métodos
de partidos e hoje aliados deles que estiveram no poder e quase nada
fizeram pela Bahia. Mas isso nos dá força para lutar ainda mais", disse.
A denúncia
Segundo a revista, desde 2010, o Ministério Público
investiga a ONG Instituto Brasil.
Em 2008, a entidade foi escolhida pelo governo do estado
para construir 1 120
casas populares destinadas a famílias de baixa renda. Os recursos, 17,9 milhões
de reais, saíram do Fundo de Combate à Pobreza.
Em entrevista a VEJA, a presidente do instituto, Dalva Sele
Paiva, disse que a entidade foi criada para ajudar a financiar o caixa
eleitoral do PT na Bahia.
PT anuncia ação judicial
“Esta é uma denúncia motivada pelo interesse eleitoreiro e
que se aproveita de uma pessoa com fragilidades e com
raiva de alguns petistas e do governo por não terem resolvido pendências e
irregularidades do contrato do seu instituto”, disse o presidente do PT
estadual, Everaldo Anunciação.
Segundo ele, o partido vai entrar com ações criminais contra
a publicação da Editora Abril e contra a autora das denúncias.
Everaldo observou que a falsidade da denúncia já começa pelo
fato de que o repórter da revista deixou de lado a informação de que os
primeiros contatos do Instituto Brasil com o governo da Bahia aconteceram
durante a gestão do ex-governador Paulo Souto. “Foi Paulo Souto quem trouxe
este instituto para o governo, por meio de convênio firmado em 2005 com a
Secretaria de Combate à Pobreza”, afirmou o presidente do PT.
E ele acrescentou que, na verdade, foi o governo Wagner
que tomou a iniciativa de suspender os pagamentos das prestações do contrato
firmado entre a Secretaria de Desenvolvimento Urbano (Sedur) e o instituto. De
um total de seis, só foram pagas as duas primeiras prestações e o restante foi
bloqueado a partir do momento em que foram constatadas irregularidades na
execução do objeto do contrato, que era a construção de casas populares, “e foi
isto que deixou a denunciante com raiva”.
DEM diz ter denunciado desvios
O presidente estadual do Democratas, José Carlos Aleluia,
declarou que seu partido, "exercendo o dever de oposição, há anos vem
denunciando as maracutaias do Instituto Brasil".
Seundo o deputado estadual Carlos Gaban (DEM) a bancada da
oposição na Assembleia Legislativa já denunciara, em 2009, o esquema de desvio
de recursos públicos pelo Instituto Brasil em representações feitas ao
Ministério Público (MP) e ao Tribunal de Contas do Estado (TCE).
“Diante da farta documentação de irregularidades
apresentada por nós, o Ministério Público avocou pra si e impetrou ação na
Justiça. Nós, da oposição, também entramos com outro processo, requerendo a
indisponibilidade de bens dos envolvidos”, explica Gaban.