Quinta, 18 de
setembro de 2014
Carolina
Gonçalves - Repórter da Agência Brasil
Os caminhos apontados pelos 11 candidatos à Presidência para
resolver problemas na área econômica e controlar a inflação
são bem diferentes e dão prioridade a temas distintos. Alguns presidenciáveis
priorizam o fortalecimento do tripé macroeconômico, o pagamento da dívida
pública e a autonomia do Banco Central, outros criticam a independência da
instituição, afirmam que os recursos devem ser priorizados para áreas como
saúde e educação e apontam o pagamento da dívida como condição de submissão do
país a interesses do capital privado.
Confira as propostas dos candidatos à
Presidência para área econômica e controle da inflação:
Aécio Neves
(PSDB) promete manter a inflação no centro da meta e cumprir os compromissos de
superávit primário e câmbio flutuante. “O objetivo maior é criar no Brasil um
ambiente de menos incerteza e maior segurança, compatível com taxas de juros
real e nominal significativamente mais baixas que as atuais”, destacou. Segundo
ele, a autonomia do Banco Central é estratégica para manter a taxa de inflação
na meta de 4,5% ao ano. O candidato tucano promete que, a partir daí, a meta
será reduzida gradualmente. Aécio também defende a geração de um superávit
primário para reduzir as dívidas líquida e bruta do país em comparação ao
Produto Interno Bruto (PIB) e promete criar um ambiente de segurança jurídica
para atrair investimentos para o país e fazer o acompanhamento e a avaliação de
gastos públicos.
Dilma Rousseff (PT)
destaca em seu programa de governo que o controle da inflação foi mantido como
prioridade “e assim continua”. Ela promete buscar o fortalecimento da política
macroeconômica “sólida, intransigente no combate à inflação e que proporcione
um crescimento econômico e social robusto e sustentável”. Dilma Rousseff afirma
que vai aumentar a taxa de investimento da economia, ampliar o mercado
doméstico e expandir os investimentos em infraestrutura, além de manter
programas de inclusão social e de melhorias na educação. Ela destaca que a
“profissão de fé do PT” foi implantar um novo modelo de desenvolvimento
“economicamente viável, socialmente justo e ambientalmente sustentável” e que
essa política trouxe resultados positivos em todos os campos e lembrou que
enquanto em 2002 a inflação anual chegou a 12,5%, no ano de 2013 estava no
patamar de 5,9%.
Eduardo Jorge
(PV) afirma que manterá princípios econômicos adotados pelos últimos governos,
desde a administração do presidente Itamar Franco, de superávit primário,
câmbio flutuante e metas inflacionárias com responsabilidade fiscal. Ele
destaca que irá acrescentar metas socioambientais como critério de desempenho
dos governos federal, estaduais e municipais. Eduardo Jorge reconhece que o
Plano Real resultou na vitória nos campos econômicos e sociais, mas critica os
resultados no campo ambiental que, segundo ele, “não têm tido a mesma sorte”.
Eymael (PSDC)
direciona as propostas relativas à política econômica apontando a necessidade
de formulação de estratégias e medidas orientadas para o desenvolvimento e a
geração de empregos. O candidato ainda propõe uma política macroeconômica
orientada para diminuição do custo do crédito para o setor positivo.
Levy Fidelix
(PRTB) promete eliminar impostos e encargos cobrados sobre pelo menos dez
alimentos da cesta básica, como feijão, arroz, açúcar, leite e farinha de
mandioca. Segundo ele, a medida vai estabelecer justiça e equilíbrio
socioeconômico entre distintas classes sociais. O candidato também se
compromete a reduzir a carga tributária de setores produtivos.
Luciana Genro
(PSOL) se compromete a realizar mudanças estruturais na economia do país e
afirma que o país vive uma crise socioambiental “vinculada ao modo como se
organiza a economia capitalista”. Ela afirma que enquanto os adversários mais
cotados nas pesquisas de intenção de votos “disputam o posto de fiadores do
ajuste fiscal e do cumprimento das metas de superávit primário”, seu projeto é
destinar os recursos do pagamento da dívida para os investimentos públicos à
saúde, educação, transporte e gastos sociais. O programa da candidata do PSOL
destaca ainda o combate à concentração de renda e às desigualdades como
bandeiras centrais. A candidata promete implantar um rígido controle de
capitais para inibir a especulação e diz que não concederá autonomia ao Banco
Central. Segundo ela, este é o caminho para tornar a instituição um
“instrumento da retomada da soberania nacional frente ao imperialismo.” No
tópico sobre propostas econômicas estão ainda a promessa de vincular o
reajuste dos aposentados ao do salário mínimo, pôr fim ao fator previdenciário
e anular a reforma da Previdência de 2003.
Marina Silva
(PSB) defende agendas macro e microeconômicas em que o governo deixe de ser
“controlador dos cidadãos, para se tornar seu servidor. O Estado tem de servir
à sociedade, e não dela se servir”. A ex-senadora também se compromete a
recuperar o tripé macroeconômico básico, definindo metas de inflação “críveis”
sem que seja preciso recorrer a controle de preços que possam gerar resultados
artificiais. Marina também afirma que vai gerar o superávit fiscal necessário
para assegurar o controle da inflação, manter a taxa de câmbio livre, sem
intervenção do Banco Central, e assegurar a independência da instituição “o
mais rapidamente possível”. A candidata promete acabar com “a maquiagem das
contas”, reduzir a dívida modificada e corrigir os preços administrados “que
foram represados pelo governo atual”. As promessas da ambientalista nessa área
também incluem a criação de um Conselho de Responsabilidade Fiscal (CRF)
independente do governo, para que seja possível verificar a cada momento o
cumprimento das metas fiscais e avaliar a qualidade dos gastos públicos.
Mauro Iasi
(PCB) defende a estatização de todo o sistema financeiro e se compromete a
garantir e ampliar os direitos de trabalhadores, incluindo a recomposição de
salários e sua correção com ganhos reais acima da inflação, além da redução da
jornada de trabalho.
Pastor Everaldo
(PSC) diz que vai promover taxas de inflação próximas de zero e abolir o item
meta de inflação das políticas econômicas e orçamentárias. Everaldo quer
desburocratizar e promover o livre comércio, inclusive com outros países, para
estimular o efeito deflacionário na economia e eliminar a política de controle
de preços pelo Estado. Na defesa por uma “moeda sólida”, o candidato afirma
ainda, em seu programa, que vai manter as reservas internacionais em patamar
elevado, abrir mercado para bancos e grupos estrangeiros e desregulamentar o
setor creditício, promovendo o livre mercado nessas atividades.
Rui Costa Pimenta
(PCO) defende um salário mínimo unificado nacionalmente e calculado pelo pico
da economia. Ele afirma que os trabalhadores perderam com o Plano Real e não
devem perder com a inflação. Pimenta se compromete com o fim da expropriação
dos salários “para bancar os capitalistas em crise”, com a reposição integral
de todas as perdas dos trabalhadores com o Plano Real e com a criação de uma
escala móvel de salários que promova reajuste automático toda vez que a
inflação atingir 3%.
Zé Maria
(PSTU) defende o aumento geral dos salários e o congelamento dos preços dos
produtos como estratégias para enfrentar a inflação no país. Segundo ele, o
aumento de preços sobre itens como alimentos atinge principalmente os mais
pobres, reduzindo salários. O candidato é favorável à estatização do sistema
financeiro e crítico das políticas de acesso ao crédito. “A festa do crédito
barato dos últimos anos se mostrou uma verdadeira armadilha e agora o nível de
endividamento das famílias chegou a inéditos 45%”, destaca no programa entregue
à Justiça Eleitoral. Outra proposta de Zé Maria é romper com a dívida pública
para investir esses recursos em áreas como saúde e educação. Segundo ele, a
dívida é uma dos principais instrumentos de submissão do país ao capital
financeiro internacional. “De tudo o que o governo arrecada em impostos, quase
metade vai para os bolsos dos banqueiros e investidores internacionais”,
critica.
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