Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

segunda-feira, 10 de agosto de 2015

O tempo da ambiguidade passou na janela e só Dilmolina não viu

Segunda, 10 de agosto de 2015
Por Celso Lungaretti

Mais do que uma crise política, temos um vácuo de poder, que acabará sendo preenchido por um ou outro lado. E a direita tem dado os passos certos nesta direção, enquanto o governo patina sem sair do lugar.
A presidenta Dilma Rousseff, em sua infinita teimosia/arrogância, continua agindo como se fosse possível convencer os 200 milhões de brasileiros de que eles estão errados e ela, certa. Enquanto insistir no mais do mesmo, o fosso entre governanta e governados irá se aprofundando cada vez mais, até tragá-la.
Poderia deter ou, pelo menos, retardar a marcha para o impeachment com mudanças de rumo de grande impacto, começando pela exoneração do Joaquim Levy e descarte do neoliberalismo. Mas, tudo indica que não fará isto e vá morrer abraçada com ele.
Concordo plenamente com o Guilherme Boulos: serão as ruas que vão decidir a parada. Nas pesquisas de avaliação do seu governo, Dilma está perdendo por 71% x 8%. Se esta goleada se repetir nas manifestações do dia 16 e do dia 20, o jogo estará decidido. Pretextos legais vão ser encontrados em 2015 como foram encontrados em 1992. Quem duvida, não está levando em conta que este é o país dojeitinho
Resta saber como Dilma agirá até o dia 20. Já lhe deveria ter caído a ficha de que, faça o que fizer, não conseguirá impedir que multidões saiam às ruas no próximo domingo para pedir sua cabeça, e nem mesmo reduzir o volume dessas multidões. Será inútil perder tempo com quem não vai reconquistar nem a pau, Juvenal.
Mas, depende dela fornecer o estímulo necessário para que haja também muita gente no dia 20.
Tem de reavivar a chama da militância, mudando o que deu errado até agora, principalmente a política econômica traíra; as alianças oportunistas/heterodoxas e consequente loteamento do Ministério; e, enfim, a tentativa de ser fiel a dois amos, pois isto não dá mais pé com o fim da abastança. 
A luta de classes andou sendo amortecida pelo PT, mas a burguesia é mais consequente: direciona-se a passos largos para o rompimento da política de conciliação entre capital e trabalho, pois há a conta do ajuste a pagar e ela tudo fará para impingi-la aos de sempre. Percebe que Dilma, por mais que se esforce para fazer-lhe a vontade, não oferece garantia nenhuma de que o serviço sujo será levado a bom termo (as bases do PT se indignam e indignarão cada vez mais).  Então, diga o que disser o Trabuco do Bradesco, na hora da decisão a classe dele se pronunciará, unida e coesa, pelo impedimento de Dilma.
O tempo da ambiguidade passou na janela e só Dilmolina não viu. Agora, ou ela cai nos braços do povo ou os exploradores a descartarão. É simples assim. 
Depende dela fazer História --levando a luta de classes no Brasil a novo patamar-- ou ser personagem de farsa, expelida do governo tão facilmente como João Goulart, que foi derrubado pelo piparote de um fascista destrambelhado (Olympio Mourão Filho), sem esboçar reação.

A contagem regressiva segue.