Quarta, 9 de dezembro de 2015
Do Esquerda.Net
O Daesh está a utilizar armas
produzidas nos EUA, Rússia, China, Bélgica e mais 21 países, saqueando o
arsenal do exército iraquiano que foi alimentado externamente desde
1970, de acordo com um extenso relatório da Anistia Internacional.
"Estes fluxos de armas foram financiados em troca de petróleo, através
de contratos com o Pentágono e com doações da NATO", afirma a
organização.
9 de Dezembro, 2015
O
Daesh expõe a sua capacidade bélica: veículos, armas e munições
suficientes para abastecer o equivalente a três divisões iraquianas
convencionais, no total de 40 a 50 mil militares, por dois anos.
A Amnistia Internacional divulgou, esta segunda-feira, um extenso relatório - Taking Stock: The Arming of Islamic State
– no qual documenta o arsenal de armas e munições do Estado Islâmico
(EI) ou Daesh proveniente de pelo menos 25 países, entre os quais
Estados Unidos da América, Rússia, China e Bélgica, na sua maioria,
saqueado ao exército iraquiano durante as guerras.
A organização visualizou “milhares de vídeos e imagens” onde o Daesh expõe a sua capacidade bélica: veículos, armas e munições suficientes para abastecer o equivalente a três divisões iraquianas convencionais, no total de 40 a 50 mil militares, por dois anos.
Segundo indica o relatório da Amnistia Internacional, o Daesh conseguiu aproveitar-se da inabilidade da administração dos EUA, no Iraque, e dos sucessivos governos de Bagdade, que também não conseguiriam garantir a segurança dos armamentos e, assim, apoderaram-se do armazenamento de material bélico que a comunidade internacional forneceu às forças iraquianas.
A Amnistia Internacional não poupa críticas e aponta o dedo aos responsáveis: “Os EUA não atuaram com determinação para evitar os abusos contra os Direitos Humanos, para controlar os arsenais e desarmar os soldados iraquianos ao dissolver as forças armadas e, assim, evitar que os excedentes e as importações de armas chegassem às mãos de milícias que funcionavam como esquadrões da morte”, diz o relatório. E tudo se agravou porque “não se investigou, não se supervisionou, não se deu formação, nem foram exigidas responsabilidades de forma adequada às diversas forças de segurança iraquianas”, respeitando-se o Direito Internacional e Humanitário, acrescenta a organização.
“Nas décadas de 1970 e 1980, pelo menos 34 países, encabeçados pela Rússia, França e China, transferiram irresponsavelmente equipamento militar para o Iraque, no valor de milhares de milhões de dólares. E isto aconteceu num momento de extrema instabilidade, quando o Iraque estava em guerra com Irão e as forças armadas iraquianas cometiam numerosas violações do Direito Internacional Humanitário e dos Direitos Humanos”, lê-se no relatório.
Desde 2003 até 2007, os EUA e outros países-aliados transferiram mais de um milhão de armas de vários tipos e milhões de munições às forças armadas iraquianas, “apesar de se tratar de um exército mau estruturado, corrupto e indisciplinado”. Segundo a Amnistia Internacional, milhares destas armas desapareceram e ainda não se sabe delas. Portanto, em 2003, com a ocupação norte-americana, durante a operação “Shock and Awe”, a história repete-se e os radicais islâmicos aproveitaram a oportunidade e a má gestão externa da guerra e da política na região.
A Amnistia estima que existam cerca de 650 mil toneladas de munições, no Iraque. Grande parte do material bélico foi capturado em 2014, durante a conquista das cidades de Mossul, Kirkuk e Diyala, no Iraque. Para trás, as forças iraquianas deixaram um arsenal considerável de espingardas de assalto variantes da russa AK, M16 norte-americanas, G3 alemãs, FN Herstal FAL belgas, CQ chinesas, entre muitas outras.
Além disto, o Daesh conseguiu mísseis antitanque MILAN europeus, Kornet, e Metis russos, e mísseis terra-ar portáteis chineses MANPADS FN-6. Nas mãos do Daesh estão, ainda, centenas de veículos de combate blindados, incluindo dezenas de tanques, como os russos M1A1M Abrams, e veículos de transporte, além de peças de artilharia.
Uma vez que parece impossível garantir a segurança do armamento bélico que se exporta para as zonas do Iraque e Levante, a Amnistia Internacional defende que os países negociadores de armas devem adoptar uma regra de “presunção de negação”, ou seja, “na dúvida, não se vende.”
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A organização visualizou “milhares de vídeos e imagens” onde o Daesh expõe a sua capacidade bélica: veículos, armas e munições suficientes para abastecer o equivalente a três divisões iraquianas convencionais, no total de 40 a 50 mil militares, por dois anos.
Segundo indica o relatório da Amnistia Internacional, o Daesh conseguiu aproveitar-se da inabilidade da administração dos EUA, no Iraque, e dos sucessivos governos de Bagdade, que também não conseguiriam garantir a segurança dos armamentos e, assim, apoderaram-se do armazenamento de material bélico que a comunidade internacional forneceu às forças iraquianas.
A Amnistia Internacional não poupa críticas e aponta o dedo aos responsáveis: “Os EUA não atuaram com determinação para evitar os abusos contra os Direitos Humanos, para controlar os arsenais e desarmar os soldados iraquianos ao dissolver as forças armadas e, assim, evitar que os excedentes e as importações de armas chegassem às mãos de milícias que funcionavam como esquadrões da morte”, diz o relatório. E tudo se agravou porque “não se investigou, não se supervisionou, não se deu formação, nem foram exigidas responsabilidades de forma adequada às diversas forças de segurança iraquianas”, respeitando-se o Direito Internacional e Humanitário, acrescenta a organização.
Na origem do problema está a guerra entre o Irão e o Iraque, durante a qual 34 países forneceram armas ao regime de Bagdade, avança a Amnistia.A composição do arsenal militar do Daesh tem suas raízes “numa longa história” que conta as estratégias de armamento do exército iraquiano. Na origem do problema está a guerra entre o Irão e o Iraque, durante a qual 34 países forneceram armas ao regime de Bagdade, avança a Amnistia.
“Nas décadas de 1970 e 1980, pelo menos 34 países, encabeçados pela Rússia, França e China, transferiram irresponsavelmente equipamento militar para o Iraque, no valor de milhares de milhões de dólares. E isto aconteceu num momento de extrema instabilidade, quando o Iraque estava em guerra com Irão e as forças armadas iraquianas cometiam numerosas violações do Direito Internacional Humanitário e dos Direitos Humanos”, lê-se no relatório.
Desde 2003 até 2007, os EUA e outros países-aliados transferiram mais de um milhão de armas de vários tipos e milhões de munições às forças armadas iraquianas, “apesar de se tratar de um exército mau estruturado, corrupto e indisciplinado”. Segundo a Amnistia Internacional, milhares destas armas desapareceram e ainda não se sabe delas. Portanto, em 2003, com a ocupação norte-americana, durante a operação “Shock and Awe”, a história repete-se e os radicais islâmicos aproveitaram a oportunidade e a má gestão externa da guerra e da política na região.
A Amnistia estima que existam cerca de 650 mil toneladas de munições, no Iraque. Grande parte do material bélico foi capturado em 2014, durante a conquista das cidades de Mossul, Kirkuk e Diyala, no Iraque. Para trás, as forças iraquianas deixaram um arsenal considerável de espingardas de assalto variantes da russa AK, M16 norte-americanas, G3 alemãs, FN Herstal FAL belgas, CQ chinesas, entre muitas outras.
Além disto, o Daesh conseguiu mísseis antitanque MILAN europeus, Kornet, e Metis russos, e mísseis terra-ar portáteis chineses MANPADS FN-6. Nas mãos do Daesh estão, ainda, centenas de veículos de combate blindados, incluindo dezenas de tanques, como os russos M1A1M Abrams, e veículos de transporte, além de peças de artilharia.
Uma vez que parece impossível garantir a segurança do armamento bélico que se exporta para as zonas do Iraque e Levante, a Amnistia Internacional defende que os países negociadores de armas devem adoptar uma regra de “presunção de negação”, ou seja, “na dúvida, não se vende.”
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