Da
Agência Brasil
Ao contrário da versão dos policiais militares acusados de matar
cinco jovens em Costa Barros, na zona norte do Rio, no último dia 28, o
delegado titular da 39ª Delegacia de Polícia (DP), Rui Barboza,
responsável pelas investigações, afirmou que não há evidências de confronto no
dia da morte dos rapazes.
Barboza destacou o depoimento de uma testemunha surda-muda que
norteou os trabalhos do inquérito para apurar a morte dos cinco. “Desse
depoimento, a gente teve a certeza de que o carro estava parado por ocasião da
ação. A testemunha informou que os cinco jovens sequer saíram do carro, o que
corrobora a situação de que não houve confronto. Houve um ardil, uma fraude
processual em que plantaram uma arma naquele veículo. Não houve o tal confronto
que eles disseram”, ressaltou.
O delegado informou, no entanto, que ainda não solicitou o
confronto balístico para saber se os tiros partiram das armas dos quatro
policiais militares envolvidos no caso: os soldados Thiago Resende Viana
Barbosa e Antônio Carlos Gonçalves Filho, o cabo Fabio Pizza Oliveira da Silva
e o sargento Márcio Darcy Alves dos Santos. Os policiais foram indiciados por
homicídio qualificado quíntuplo e fraude processual qualificada e a Justiça os
prendeu preventivamente.
Barboza explicou que a solicitação do exame balístico ainda não foi
feita porque os projéteis retirados dos cadáveres chegaram ontem (7) do
Instituto Médico Legal (IML) para análise do Instituto de Criminalística Carlos
Éboli (ICCE) e ainda depende de uma posição da Justiça. “Evidentemente, eu vou
pedir a solicitação para o confronto balístico, só que não houve tempo hábil
para isso porque os projéteis foram retirados recentemente”, ressaltou.
Confirmando o que disse o pelo delegado Rui Barboza, o diretor do
Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE), Sergio William, acrescentou
que os cinco exames residuográficos para verificar a presença de pólvora nas
mãos dos jovens deram negativo. “Não há indícios de confronto, nem tiro de
dentro para fora do carro dos jovens. Não existe elemento técnico-científico
que caracterize que tenha acontecido algum confronto.”
De acordo com William, o veículo onde estavam Wesley Castro
Rodrigues, de 25 anos, Wilton Esteves Domingues Júnior, de 20, Cleiton Côrrea
de Souza, de 18, e Carlos Eduardo da Silva, de 16, e Roberto de Souza Penha, de
16, foi atingido 81 vezes pelos disparos.
Sobre o assunto, a vice-diretora do Instituto Médico
Legal (IML), Adriane Rego, afirmou que dos 81 tiros, 30 atingiram os cinco
jovens. Wesley e Wilton foram alvejados por três tiros cada, Cleiton e Carlos
por sete disparos cada, e Roberto por 10. “O predomínio dos disparos foi na
região do tronco dos jovens. Em relação aos corpos, a angulação dos disparos
foram, na grande maioria, de trás para frente e da direita para a esquerda. O
predomínio dos disparos está no lado direito dos corpos”, relatou Adriane.