Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

Visões da crise: Estamos em contagem regressiva para o caos

Sexta-feira, 11 de dezembro de 2015
Do Blogue Náufrago da Utopia
Por Celso Lungaretti
Se você chegou até aqui, provavelmente foi por buscar alternativa à mesmice da maioria dos espaços virtuais da esquerda.
 
Como está sintetizado na declaração de princípios, a razão de ser deste blogue é contribuir para que o Brasil trilhe o caminho da revolução, única resposta consistente à desumanidade que está no cerne do sistema capitalista. Nunca haverá distribuição equânime dos frutos do trabalho nem realização plena do ser humano enquanto perdurar a exploração do homem pelo homem.
 
As propostas originais tanto do marxismo quanto do anarquismo coincidiam no fundamental: as forças produtivas já estão suficientemente desenvolvidas para que cada habitante deste planeta conte com o necessário para uma existência digna. A desigualdade econômica deixou de ser uma decorrência da escassez, passou a ser uma obsolescência que a classe dominante tenta eternizar mediante a subjugação da sociedade.
 
Por motivos históricos que não cabe aprofundar aqui, mas que os interessados poderão conhecer neste artigo, houve um desvirtuamento da revolução soviética de 1917 que acabou por contaminar quase todo o movimento comunista com os vírus do autoritarismo e do monolitismo.
As sequelas do stalinismo perduram até hoje, e contra elas este blogue se bate.
 
Por exemplo, hoje a maioria da esquerda mantém a contraditória e até esdrúxula postura de tentar salvar o governo de Dilma Rousseff ao mesmo tempo que faz críticas candentes à política econômica adotada pelo dito cujo.
 
Ora, para Marx a política econômica era exatamente o que definia o caráter de um governo; ele encarava a economia como a infra-estrutura, o que realmente determina os rumos de uma sociedade, enquanto o restante seria apenas superestrutura, o edifício ideológico erigido sobre (e que serve para justificar) as condições materiais da existência.
 
Então, sendo o governo da Dilma neoliberal como o foram os de Reagan, Thatcher e Pinochet, o que temos, afinal, a ver com ele? Uma esquerdista aplicando o programa econômico da direita só serve para confundir o povo arrochado e nos desacreditar. Defendê-la apesar disto, quando marcha irreversivelmente para o fim, equivale a associarmo-nos ao seu desprestígio, tornando-nos parceiros de uma acachapante derrota... em troca de nada!
Deveríamos é estar pensando em como reerguer  a esquerda e restaurar sua credibilidade depois do tsunami atual. No agudo processo de autocrítica que teremos de fazer, para nunca mais cometermos erros tão gritantes quanto os dos últimos anos. E em como nos reciclarmos para combater sem tréguas o Estado Oligárquico de Direita em gestação, conforme Vladimir Safatle brilhantemente flagrou.
 
Por que a queda de Dilma é inevitável? Porque está levando a economia brasileira ao colapso, como se lê no artigo da Raquel Landim. E porque não nos oferece nenhuma saída, não apresenta proposta alguma para evitar que sobrevenha uma depressão econômica devastadora em 2016, impondo rigores terríveis (principalmente) aos trabalhadores, excluídos e indefesos. Inacreditavelmente, continua relutando até agora em remover o estranho no ninho do Ministério, o fracassado Joaquim Levy.
 
Então, mesmo que o governo sobreviva ao pedido de impeachment e ao processo na Justiça Eleitoral, não terá como suportar as turbulências que advirão quando o povo não suportar mais o desemprego, a inflação e a miséria. Estamos em contagem regressiva para o caos, arriscados até a sucumbirmos a uma nova ditadura sanguinária se não detivermos essa marcha da insensatez.
Fico pasmo ante a indiferença de esquerdistas ao sofrimento daqueles que existimos para representar, defender e tentar emancipar.
 
Não sei como alguém pode dizer-se revolucionário sem demonstrar a mínima compaixão pelos destituídos. Antes, era por aí que todos começávamos nossa jornada, incapazes de permanecer indiferentes à dor e ao espezinhamento de nossos irmãos.
 
Então, quando a alternativa for entre salvar um governo ambíguo ou tirar milhões de coitadezas de uma situação dantesca, repetirei sempre a opção que fiz aos 17 anos, de dedicar a minha vida ao resgate do povo sofrido.
 
OBSERVAÇÃO: ARTIGO CENSURADO PELO FACEBOOK,  VIOLANDO A CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA, QUE  ASSEGURA A LIBERDADE DE OPINIÃO  E PROÍBE CENSURA PRÉVIA.