Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

quarta-feira, 25 de dezembro de 2019

É Natal: cortemos a árvore do mal.

Quarta, 25 de dezembro de 2019
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O Natal, como sempre é uma grande festa com árvores cheias de luzes, brilhos e o tilintar de cores a piscar freneticamente; no entanto, faz-se urgente badalarmos o sino do silêncio, para que consigamos ouvir a voz do amor, e assim abafarmos a voz da banalidade do mal que nos aflige.
É Natal, e você pode incorporá-lo todos os dias permitindo-se renascer e deixar que JESUS - o filho de Deus - aquele que escolheu estar ao lado dos pobres, oprimidos e renegados, pelos miseráveis e humildes, entre em seu coração, basta estar disponível.
É Natal, e aquele pinheiro verde, alto ou baixo, pode ser você, quando com sua força, insistir, persistir, resistir aos ventos, chuva, trovoadas e tempestades na vida, em defesa do bem comum.
É Natal, e você pode ser a decoração da casa planetária, quando lutar incansavelmente pela vida dos animais, rios, mares, florestas, em firmes atitudes virtuosas que imprimem um arco-íris a céu aberto, capaz de colorir os enfeites da árvore de sua vida e do outro, estando ao seu lado ou não.
É Natal, e você pode ser os sinos que tocam a alma das pessoas que já não acreditam que é possível reunir os seres humanos, na tarefa de torna-se, demasiadamente humanos, em si e por causas da comunhão.
É Natal, e você pode ser as luzes das velas, dos candeeiros e até da escuridão, quando não tenta apagar o vaga lume do vizinho, mas sim, aumentar a lenha da fogueira de toda vizinhança com atos verdadeiramente generosos de bondade, paciência, alegria, compreensão, coragem e determinação na busca da justiça e paz.
É Natal, e o anjo que enfeita sua árvore, pode olhar para você e pedir para não mais ser um “enfeite” todos os anos, mas fazer parte do seu cotidiano, segurando suas mãos, afagando seu coração e acariciando suas cordas vocais para entoarem, fortemente, dia após dia, a canção da esperança de uma sociedade solidária e fraterna.
É Natal, e você pode ser a estrela-guia, quando se dispõe a caminhar no túnel da vida, ainda que na escuridão, em busca dos diferentes daqueles que prejulgamos seres socialmente “alienados”, reacionários, que estão fora da linha reta; quem sabe lá e cá possamos construir uma constelação.
É Natal, e você poderá ser os Reis Magos quando conseguir dar de presente, tudo e o melhor de si, indistintamente a cada ser humano que transitar, ainda que por um instante em sua vida.
É Natal, e você poder ser a música que harmonizará todos os 365 dias do ano, o cântico dos pássaros, e os assovios do vento que aliviarão as dores e gritos das misérias humanas.
É Natal, e você pode ser o presente, quando não perseguir, maltratar, aniquilar as ideias dos outros, mas sim portar-se na vida, aberta(o) a construir e alimentar os sonhos com suas irmãs e irmãos, venham de onde eles vierem.
É Natal, e você pode ser o cartão, quando o acolhimento, o afeto fazem parte de suas atitudes no gesto de amor, de suas ações, coerentemente, no desejo em ver a maldade desaparecer.
É Natal, e você pode ser os votos de que “amanhã será um novo dia”, onde “O sol há de brilhar mais uma vez... A luz há de chegar aos corações.” 
A melhor mensagem de Natal é aquela que sai em silêncio de almas que aquecem, com ternura, os corações daqueles que nos acompanham em nossa caminhada pela vida, partilhada na solidariedade, como ação política. Esta, verdadeiramente colocada a serviço da pessoa humana, do bem comum e do respeito pela criação.
Boas festas e um 2020 com muita saúde e paz.
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Professora Fátima Sousa
Paraibana, 59 anos de vida, 40 anos dedicados a saúde e a gestão pública; 
Professora e pesquisadora da Universidade de Brasília;
Enfermeira Sanitarista, Doutora em Ciências da Saúde, Mestre em Ciências Sociais; 
Doutora Honoris Causa;
Implantou o ‘Saúde da Família’ no Brasil, depois do sucesso na Paraíba e em São Paulo capital; 
Implantou os Agentes Comunitários de Saúde;
Dirigiu a Faculdade de Saúde da UnB: 5 cursos avaliados com nota máxima;
Lutou pela criação do SUS na constituinte de 1988;
Premiada pela Organização Panamericana de Saúde, pelo Ministério da Saúde e pelo Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde.