Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

quinta-feira, 19 de dezembro de 2019

Macumba no banco dos réus?

Quinta, 19 de dezembro de 2019
Do Blog Brasília, por Chico Sant’Anna

Fez candonga de companheiro seu
Ele botou feitiço em ocê
Agora só o ôme à meia noite
É que seu caso pode resolvê

Você compra a garrafa de marafo
que eu vou dizê o nome
Meia noite tu vai na encruzilhada
E destampa a garrafa e chama o ôme

STJ decide que rogar pragas para prejudicar os outros é crime.

Por Chico Sant’Anna
A canção Só o ôme, de Edenal Rodrigues, gravada dentre outros por Noriel Vilela e Zeca Pagodinho, revela bem o lado místico da cultura brasileira. Afinal, quem nunca viu um trabalho na encruzilhada, ou não ouviu uma história do bonequinho de vodu cheio de alfinetes? Os rituais dos cultos afro-brasileiros originários do nagô – popularmente chamados de macumba -, alguns, inclusive com influências de religiões indígenas, estão no cotidiano da brasilidade. Mãe Menininha do Gantois, filha de Oxum, imortalizada na voz de Maria Bethânia, é um exemplo da inserção cultural e religiosa do Candomblé no imaginário social brasileiro. Quase a totalidade reconhece os poderes das forças espirituais, seja para o bem, ou para o mal.

Mas quem se vale dessas práticas para o mal é bom ficar atento. A justiça entende que usar forças espirituais para prejudicar alguém é crime. Rogar uma praga, visando vingança, prejudicar ou até mesmo ferir, pode dar cadeia. Quem criminalizou o uso inadequado das forças espirituais foi nada mais, nada menos, do que o Superior Tribunal de Justiça, o STJ.