Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

terça-feira, 10 de dezembro de 2019

Bendita guerra

Dezembro
10

Bendita guerra


   No ano de 2009, no Dia da Declaração Universal dos Direitos Humanos, o presidente Barack Obama recebeu o Prêmio Nobel da Paz.
   Eu seu discurso de agradecimento, o presidente não teve melhor ideia do que render homenagem à guerra: à guerra justa e necessária contra o mal.
   Quatro séculos e meio antes, quando o Prêmio Nobel não existia e o Mal não residia nas terras que continham petróleo, mas nas que prometiam ouro e prata, o jurista espanhol Juan Ginés de Sepúlveda também havia defendido a guerra justa e necessária contra o Mal.
   Naquela época, Ginés explicou que a guerra contra os índios das Américas era necessária, sendo por natureza servos os homens bárbaros, incultos e desumanos, e a guerra era justa porque é justo, por direito natural, que o corpo obedeça à alma, o apetite à razão, os brutos ao homem, a mulher ao marido, o imperfeito ao perfeito e o pior ao melhor, para o bem de todos.

Eduardo Galeano, em 'Os filhos dos dias', 2ª edição, L&PM Editores, página 388.