Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

sábado, 14 de dezembro de 2019

Na crise da saúde no Rio de Janeiro, é falsa a posição do prefeito Marcelo Crivella

Sábado, 14 de dezembro de 2019
Da Tribuna da Internet
Pedro do Coutto
Marcelo Crivella demonstra ser um fracasso administrativo

Na edição de sexta-feira, O Globo destacou o texto divulgado em vídeo no qual o prefeito Marcelo Crivella tem a coragem de dizer que a crise no setor fundamental, que divide a morte e a vida, é falsa. Mas como pode o prefeito fazer tal afirmação se ele foi a Brasília obter socorro de emergência de 150 milhões de reais para tentar libertar do caos a saúde no município. Faltam remédios, equipamentos.
Tudo isso é do conhecimento direto da população, temos assim o confronto da realidade com a fantasia, que agride a todos, sobretudo porque o mesmo prefeito chega ao cúmulo de sustentar que apenas os salários encontram-se atrasados.

SEM CIDADANIA – Salários atrasados são uma violação completa da cidadania praticada por um poder público. Relativamente ao atendimento de emergência, o mesmo jornal expõe que Paulo Roberto de Souza morreu num centro do Leblon porque não resistiu a um enfarte que aconteceu às 16 horas de quarta-feira e ele não conseguiu ser atendido até 21 horas. Sua passagem da vida para a morte prolongou-se por cinco horas absurdas, e, no caso, mortais.
Os casos mais dolorosamente absurdos acontecem todos os dias e o prefeito nada faz para atendê-los. Como pode um prefeito tentar separar a crise em dois planos, ambos trágicos. Falta de pagamento, escassez de qualquer compromisso ético com a sociedade e com a própria existência humana.
Funcionários não vinham recebendo salários há vários meses. O que significa isso? Uma farsa, mas cometida pelo próprio prefeito que não é capaz de focalizar o assunto em termos lógicos.
INCOMPETÊNCIA – Não tem Crivella a menor capacidade de exercer funções executivas. Ele tenta escapar com ironias. Ironias macabras, infladas pela desconsideração para com os contribuintes da prefeitura. Se alguém consultar e agrupar os dramas que se produzem na omissão da saúde municipal, vai verificar que casos como este aqui citado repetem-se a horas intermináveis em que a omissão, seja por falta de médicos, seja por falta de medicamentos, vai constatar a responsabilidade do serviço de saúde no Rio como a causa fortemente ponderável no drama de centena e milhares de pessoas que pagam seus impostos em dia, mas que não conseguem ser atendidos em dia pelo sistema público.
O mais trágico de tudo é que as pessoas de menor renda não podem sequer recorrer à rede de saúde privada. Por isso o drama se repete.