Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

quarta-feira, 4 de dezembro de 2019

Neste dia 4 de dezembro, Salve Iansã, rainha dos raios e tempestades. A Santa Bárbara dos católicos da Bahia. A Iansã dos terreiros do Candomblé da minha querida Salvador

Quarta, 4 de dezembro de 2019
Hoje é dia de festa na Cidade da Bahia, como Jorge Amado, carinhosamente, chamava Salvador. Dia de reverenciar uma guerreira, Iansã, a rainha das tempestades e raios de todos os mares, em especial os mares da Bahia e os da África. Festa que abre praticamente o ciclo de festas de largo da Cidade da Bahia.
É dia de festa no Pelourinho e no Mercado de Santa Bárbara que fica bem ali na Baixa do Sapateiro, onde Ary Barroso conheceu ‘a morena mais frajola da Bahia’.
Festa lá no mercado, e em todos os sagrados  e mágicos terreiros de candomblé da velha e bela salvador, cidade que, apesar de maltratada por sucessivos prefeitos e governadores, ainda guarda encantos mil.
Ela, Iansã, tem como comida preferida o caruru. Apesar de ser caruru sem sal, eu não perdia um no Mercado de Santa Bárbara no dia 4 de dezembro. Pra que aulas do curso científico no Ginásio João Florêncio Gomes, na Ribeira, península de Itapagipe, em dia de reverenciar Iansã? Eu deixar o caruru da Rainha por alguma aula na Universidade Federal da Bahia (UFBa)? Nem pensar! Naquela época eu já não era louco. Preferia o caruru, preferia a Rainha, preferia a magia da minha terra. Estou longe esses anos todos, nessas paragens de Brasília. Mas salve Iansã! Eu saía da minha faculdade no início da Avenida Joana Angélica — Joana, mártir da Independência da Bahia—, quase na Praça da Piedade, e descia rapidinho até a Baixa do Sapateiro e "caia dentro" do Mercado de Santa Bárbara, o da Santa do 4 de Dezembro. E caía dentro do caruru. Sem sal, mas delicioso, pois ofertado pela Mãe Iansã. Caruru e samba, mais caruru e mais samba de roda. Caruru e alegria. 'Eu era feliz e não sabia'.