O viajante
Matsuo
Bashô nasceu determinado a ser samurai, mas renunciou às guerras e foi poeta.
Poeta caminhante.
Um mês
depois de sua morte, lá pelo ano de 1694, os caminhos do Japão já sentiam falta
dos passos de suas sandálias de palha e das palavras que deixava penduradas nos
tetos que davam albergue. Como estas:
Os dias e os meses são viajantes
da eternidade.
Assim passam os anos.
Viajam cada minuto de seus dias os que navegam o
mar ou cavalgam
a terra, até que sucumbem debaixo do peso do tempo.
Muitos velhos morrem na viagem.
Eu só sucumbi à tentação das nuvens, as andarilhas
do céu.
Eduardo Galeano, no livro Os filhos
dos dias (Um calendário histórico sobre a humanidade), 2ª Edição, L&PM
Editores, 2012, página 405