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(Millôr Fernandes)

quarta-feira, 18 de dezembro de 2019

O bumerangue do plástico

Quarta, 18 de dezembro de 2019


O BUMERANGUE DO PLÁSTICO

Salin Siddartha
Classificam-se como materiais plásticos de um só uso os que passam a ser lixo imediatamente depois de se consumir o produto que embalam e, por causa de sua curta vida útil, produzem maior impacto ambiental. O choque no meio ambiente gerado pelos plásticos de único uso está localizado, principalmente, na incoerência existente entre o tempo de utilização (apenas alguns minutos) e o tempo que eles levam para degradarem-se (entre centenas e milhares de anos). É o que ficou conhecido como o “bumerangue do plástico”.

O material plástico foi criado no fim do século XIX e desenvolvido na primeira metade do século XX para ser um produto impermeável, isolante e resistente. No entanto são preocupantes os altos índices de produção e uso que hoje fazemos da matéria plástica, a ponto de contaminar a cadeia alimentar pela presença de microplásticos em grande parte da fauna marinha e fluvial, chegando a representar 85% do lixo marinho. No Brasil, o consumo de plásticos nos situa em quarto maior poluidor do mundo, atrás, apenas, dos Estados Unidos, China e Índia.

Por diversos motivos, a regulamentação e controle dos plásticos de um só uso são uma tendência em todo o mundo. Desde o ano passado, grande número de países constituintes das Nações Unidas firmou um compromisso global para reduzir o consumo de tais materiais plásticos. É uma questão de tomada de consciência sobre a importância de se preservar o planeta.

Devemos reconsiderar nossa relação com o descartável em si, em especial com os descartáveis plásticos, haja vista que, em nosso país, segundo relatório do Fundo Mundial para a Natureza (WWF), a taxa de reciclagem é de menos de 2%, enquanto, em nível global, 9% são recicláveis. O Parlamento Europeu decidiu proibir os plásticos de um só uso a partir de 2021, o Senado Colombiano, para 2025, o Congresso do Chile, em conjunto com a seção local da ONG Plastic Oceans, regulamentou-os neste ano, a República da Costa Rica encontra-se, atualmente, tratando desse assunto e o Canadá anunciou a proibição dos plásticos de único uso para 2021.

Temos de diminuir os resíduos plásticos mediante a promoção de novos hábitos de consumo e estimular processos de substituição dos plásticos de único uso por alternativas feitas a partir de material orgânico (compostáveis), renováveis e recicláveis, no âmbito de toda a República Federativa do Brasil. São de interesse público as ações de substituição desses materiais.

O contexto internacional, os compromissos assumidos pela nossa nação em termos dos objetivos estabelecidos pela ONU para o desenvolvimento sustentável (ODS), levando em conta a Agenda 2030, os graves níveis de poluição por plásticos nos nossos mares, rios e territórios continentais e a imperiosa necessidade de passarmos a ser um país de crescimento baseado no desenvolvimento sustentável impõem-nos preservar e proteger nosso hábitat para as gerações presentes e futuras.

Cruzeiro-DF, 16 de dezembro de 2019

SALIN SIDDARTHA

Artigo publicado originalmente no Jornal InfoCruzeiro
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